Pesquisas: aumento de produtividade nas lavouras de arroz

Em 1975, a área plantada no país chegava a 6,6 milhões de hectares para uma produção de 9,5 milhões de toneladas. Atualmente, com um pouco mais de 3,5 milhões de ha, a produção brasileira na safra 2003/04 atingiu 12,8 milhões de toneladas.

O avanço nas pesquisas para o melhoramento de cultivares de arroz está sendo fundamental para o país atingir a auto-suficiência na produção. Em 1975, a área plantada no país chegava a 6,6 milhões de hectares para uma produção de 9,5 milhões de toneladas. Atualmente, com um pouco mais de 3,5 milhões de ha, a produção brasileira na safra 2003/04 atingiu 12,8 milhões de toneladas para um consumo aproximado de 12 milhões de toneladas.

Além das pesquisas, outros fatores como a maior eficiência do produtor brasileiro, a melhoria no processo de mecanização e de gestão estão sendo fundamentais para o incremento de produção. A estimativa do primeiro levantamento de intenção de plantio da Conab para a safra 2004/05, divulgado em outubro, indica uma colheita aproximada de 12 milhões de toneladas e previsão de consumo no mesmo patamar.

Atualmente o Rio Grande do Sul lidera a produção nacional de arroz com cerca de 6 milhões de toneladas. Mas no início da década de 70 a situação era bem diferente. Nesta época, o produto preferido pelo mercado nacional era o arroz de sequeiro produzido na região Centro-Oeste. O arroz gaúcho, cultivado em várzeas, era considerado de qualidade inferior.

Para reverter essa imagem, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina organizaram-se para formar institutos de pesquisas a fim de desenvolver novas variedades. O resultado foi a melhora significativa do cereal com a introdução de exemplares norte-americanos no ano de 1975. Para o pesquisador da área de melhoramento da Embrapa Arroz e Feijão de Santo Antônio de Goiás, Emílio de Castro, “o trabalho de pesquisa por região mudou o cenário do país. De um arroz menos preferido, o produto gaúcho passou a ter aceitação nacional”, ressaltou.

Nos anos 70, a produtividade do Rio Grande do Sul era de 3 mil quilos por hectare, a metade do rendimento atual. De acordo com o diretor técnico do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Maurício Fischer, os arrozeiros que investem em tecnologia estão conquistando produtividades elevadas. Ele afirma que o Irga vem desenvolvendo pesquisas com novas cultivares capazes de produzir mais com menor volume de água.

O principal problema enfrentado pelos produtores de arroz do RS, segundo Fischer, não é a falta de água, mas a infra-estrutura para conseguir armazená-la. Com isso, algumas cultivares testadas por esse instituto com os próprios produtores mostraram que é possível produzir 8 mil quilos de arroz com 8 mil m³ de água. Na década de 70 era preciso gastar 17 mil m³ para se produzir 3 mil quilos. Fischer destaca que as características das cultivares lançadas pelo Irga têm como base a qualidade, resistência a doenças, ao frio e à toxidade de ferro.

A partir das pesquisas desenvolvidas pelo Irga, que possibilitou a melhora de qualidade, o arroz produzido no Centro-Oeste começou a perder espaço no cenário nacional. O estado de Goiás, que tinha uma produção elevada nos anos 70, hoje não passa de 345 mil toneladas, segundo o relatório da Conab para a safra 2003/04. Outro fator determinante para os produtores goianos reduzirem a área plantada foi a entrada do produto gaúcho a preços inferiores aos praticados internamente.

Mas para evitar com que os produtores do Centro-Oeste desistissem do arroz, a Embrapa começou a realizar pesquisas com o objetivo de desenvolver cultivares com a qualidade similar a do Rio Grande do Sul. “Hoje o arroz de terras altas retoma como uma cultura agrícola da região, mas agora compete com outras como a soja, o milho, o algodão e as pastagens”, explicou Castro.

A Embrapa desenvolve anualmente pesquisas com até 10 mil linhagens por ano, sendo que no máximo uma é disponibilizada aos produtores. “Em determinados anos, nenhuma cultivar consegue estar apta para entrar no mercado, pois o processo inicia com uma base genética muito ampla para conseguir atingir uma variedade”, explicou Castro. O Irga lançou em 2003 a cultivar Irga 422 CL, adaptada para o Rio Grande do Sul. A principal característica é controlar a incidência do arroz vermelho (Oryza sativa), uma praga que diminui a produção de arroz. Esta cultivar levou oito anos para chegar ao mercado e envolveu pesquisadores dos Estados Unidos e da China.

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