Dia de campo do Irga reúne mais de 400 pessoas em Pelotas
o produtor Luiz Osório Rechsteiner e os filhos se lançaram numa cruzada há quatro anos para melhorar o desempenho técnico e econômico do negócio da família. Com o Projeto 10, a produtividade saltou de 5,5 mil quilos por hectare para 7,5 mil.
A área escolhida pelo coronel Pedro Osório há 102 anos para a instalação das primeiras lavouras comerciais orizícolas no Rio Grande do Sul parece estar destinada ao pioneirismo. Tal vocação se confirmou ontem, quando mais de 400 arrozeiros e técnicos acompanharam a apresentação das tecnologias desenvolvidas pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), incorporadas ao manejo da Estância da Várzea.
A exemplo do Rei do Arroz, como ficou conhecido o ex-charqueador, o produtor Luiz Osório Rechsteiner e os filhos se lançaram numa cruzada há quatro anos para melhorar o desempenho técnico e econômico do negócio da família. Foram os primeiros da região a aderir ao programa, hoje com 48 integrantes da Zona Sul.
Combater inços como o arroz vermelho e a grama boiadeira, resistentes aos manejos até então usados na propriedade, era o principal desafio. Para isso, explicou o agrônomo Luiz Felipe Rechsteiner, eles lançaram mão do Projeto 10, uma estratégia de manejo montada pelos técnicos do Irga, o sistema Clearfield e o uso de soja transgênica.
O controle quase que total dessas invasoras fez a família usar o sistema em 700 dos 1,1 mil hectares destinados ao cultivo do arroz na safra 04-05. A produtividade, que nas áreas mais infestadas não passava da média estadual de 5,5 mil quilos por hectare, bateu na casa dos 7,5 mil quilos hectare em apenas três anos. O sucesso, garantem os Rechsteiner, está em seguir rigorosamente todo o pacote tecnológico recomendado pelo Projeto 10.
Pode parecer óbvio aos olhos de um leigo, mas respeitar o período para semeadura indicado pela pesquisa é uma das principais ações. Outros fatores, como a aplicação de uréia no seco, pode causar estranheza a quem sempre trabalhou com arroz. Pois é recomendação dos próprios pesquisadores, que até há alguns anos indicavam o uso do adubo em terras já irrigadas.
PROJETO 10
As estratégias montadas pelo Irga prevêem um controle rigoroso do manejo da lavoura. Ao invés de apenas se preocupar em utilizar novas variedades, com alto potencial produtivo, o produtor volta a atenção para os tratos culturais. É que de nada adianta plantar uma variedade nova, que pode ter rendimento de até 12 mil quilos por hectare, se por falta de uma boa condução da lavoura não se obtém sequer a média estadual.
A irrigação precoce e a redução da densidade de semeadura também foram destacadas pelo pesquisador Valmir Menezes, do Irga. Na Estância da Várzea na safra 03-04 se usou 150 quilos de semente por hectare com a obtenção de 240 plantas por metro quadrado. Na atual safra, foram usados 120 quilos do grão na semeadura, com um resultado de 270 plantas por metro quadrado.
A redução pode parecer insignificante, mas se comparado aos 200 ou até 240 quilos por hectare usado pela maioria dos arrozeiros da Zona Sul a mudança representa economia, além de melhores resultados.
JAPÃO
Nem só orizicultores andavam sobre as marachas da Estância da Várzea ontem à tarde. Tervaki Matsumura e Shoju Nagaro acompanhavam o grupo sem parecer se abalar com o sol forte e a poeira tocada a vento. Os dois japoneses, ciceroneados por Jair Almeida, vieram conhecer a produção gaúcha, com a intenção de num futuro próximo negociar com os arrozeiros e indústrias.
Responsável pela compra de aditivos (corantes e aromatizantes) para alimentos produzidos por indústrias do Japão, a dupla se interessa por amido de arroz, um dos melhores fixadores desses aditivos.