Produtores dos EUA criticam corte de subsídio

Presidente norte-americano propôs uma revisão dos subsídios de US$ 587 milhões dados aos produtores agrícolas de todos os EUA. A mudança afetaria principalmente os produtores de algodão e arroz, que plantam cerca de 485 mil hectares somente na Califórnia.

Os produtores de algodão e arroz da Califórnia, que recebem mais de US$ 500 milhões por ano em subsídios agrícolas, estão se preparando para lutar contra a proposta de cortes nas subvenções para o setor agrícola feita pelo presidente americano, George W. Bush.

Apresentada na última segunda-feira, a proposta de orçamento de Bush prevê uma revisão dos subsídios de US$ 587 milhões dados aos produtores agrícolas de todos os EUA anualmente como pagamento de garantia de preços mínimos. A mudança afetaria principalmente os produtores de algodão e arroz, que plantam cerca de 1,2 milhões de acres (cerca de 485 mil hectares) somente na Califórnia.

Grupos ambientalistas e de pequenos produtores têm criticado tais subsídios por eles estarem beneficiando grandes corporações agrícolas. Mas o setores do algodão e do arroz da Califórnia dizem que, apesar de quererem ajudar a resolver o problema do déficit fiscal americano, os programas de subsídios são importantes para garantir a lucratividade em momentos de preços baixos.

Os produtores de arroz e algodão receberam três quartos do total de subsídio agrícola pago ao estado da Califórnia em 2003 (US$ 757 milhões), de acordo com o Environmental Working Group, organização não-governamental americana que possui um amplo banco de dados sobre os programas de ajuda ao setor agrícola dos EUA. Ambas culturas, embora não seja as principais do Estado da Califórnia, que fatura US$ 27 bilhões com agricultura, são fortemente exportadas.

Os subsídios “aumentam quando os preços estão baixos e a situação difícil, mas com a alta dos preços eles diminuem ou acabam”, disse Gene Lundquist, vice-presidente da Calcot, Ltd., uma cooperativa de algodão da cidade de Bakersfield, que tem 1.100 associados na Califórnia e no Arizona.

Scott Rogers, um produtor da quarta geração da sua família, que produz algodão em 450 acres em Tulare County, disse que não se considera indevidamente beneficiado. Ao contrário, diz ele, os subsídios apenas dão um pequeno fôlego financeiro para suas atividades. “As margens de lucro estão bem pequenas atualmente e qualquer corte vai nos prejudicar”, disse Rogers. “Não vai nos tirar do mercado, mas será um baque”.

Críticos destacam que os programas de subsídios pagam grandes quantias para alguns produtores e corporações, como os US$ 6,6 milhões recebidos por J.G. Boswell Co., de Kings County, entre 1995 and 2003. Boswell é o maior produtor de algodão dos Estados Unidos. Rogers diz, porém, que ele recebe entre US$ 40 e $50 mil por ano.

Os produtores estão na defensiva neste momento e suas associações se preparam para diminuir as pressões contra os subsídios em Washington. O Congresso americano tem tradicionalmente dificuldade de cortar o orçamento agrícola, que em 2003 chegou a US$ 16,4 bilhões.

“O presidente Bush fez a sua proposta de orçamento e estamos olhando isso como um início de discussão”, disse Bill Huffman, porta-voz da cooperativa de produtores de arroz de Sacramento, com 900 associados. A Comissão do Arroz da Califórnia já contratou uma empresa de lobby de Washington, a Lesher e Russell, para defender os interesses do setor contra possíveis reduções que venham a ser discutidas na próxima Farm Bill (Lei Agrícola americana), que será editada em 2007.

O Conselho Nacional do Algodão, cuja sede é em Memphis, e a Federação Americana do Arroz, em Virgínia, e os congressistas que apóiam o setor agrícola nos Estados do sul do país estão se preparando para a luta no Congresso contra a queda dos subsídios.

Uma análise do Environmental Working Group mostrou que 17% dos subsídios federais para o arroz vão para Califórnia e 11% dos pagamentos do algodão vão para o mesmo estado. “Se o corte de gastos for inevitável, a agricultura fará sua parte, mas de forma equitativa”, disse Tim Johnson, presidente da comissão de arroz da Califórnia.

A Califórnia produz algodão em cerca de 600 mil acres (cerca de 243 mil hectares), principalmente no Vale do São Joaquim, e exporta quase toda a produção para os países asiáticos. Já a produção de arroz está principalmente no Vale de Sacramento e ocupa 595 mil acres este ano, abaixo apenas de Arkansas. Cerca de 40% são exportados para países da Ásia e o resto é para consumo dentro dos EUA, tanto para o consumo quanto para a produção de cerveja.

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