Classificação do Arroz na pauta da Câmara Setorial

Normas de classificação e padronização do arroz já têm 17 anos e precisam ser atualizadas.

Além de debater a adoção ou não da quebra técnica de 2% sobre o grão armazenado para fins de cálculo do quadro de suprimentos de arroz no Brasil e de debater a campanha de marketing para aumentar o consumo do arroz no país, a Câmara Setorial Nacional do Arroz vai discutir a atualização das normas de classificação e padronização do cereal.

O assunto coincidentemente será levado para debate entre os assuntos gerais da reunião pelos representantes do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) e pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria do Arroz Parboilizado (Abiap) Alfredo Treichel.

Representantes do Mato Grosso também têm grande interesse em debater o tema, já que uma considerável parcela do arroz Cirad 141 não está sendo reconhecida, com base nas normas, como longo fino. Este assunto, por sinal, foi uma das grandes polêmicas da 8ª Festa do Arroz, realizada na última semana em Sinop (MT).

O presidente do Irga, Pery Sperotto Coelho, explicou que a Câmara Setorial do Arroz do Rio Grande do Sul está buscando informações junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para saber qual o andamento do projeto que tramita há mais de três anos propondo novo método de classificação e padronização do arroz no Brasil.

“Pelo avanço tecnológico e o grande número de cultivares lançadas desde a formatação das normas vigentes, a atualização é uma demanda importante para a cadeia produtiva”, informa. O empresário Alfredo Treichel afirma que as normas não estão acompanhando as necessidades da cadeia produtiva. “Até o final do ano esperamos ter normas atualizadas para a classificação e a padronização do arroz”, frisou o presidente da Abiap.

Uma das preocupações do setor é com a mistura de diversos tipos de cultivares em marcas de menor expressão que estão entrando no mercado ultimamente. Trata-se de uma prática que ganhou força nos últimos anos e que causa prejuízo às indústrias e ao consumidor.

MATO GROSSO

As regras previstas na Norma 269/88 também são alvo de impasse no Mato Grosso. Um dos temas polêmicos debatidos na 8ª Festa do Arroz foi exatamente a padronização do arroz Cirad 141. Por fatores climáticos e com base nas normas, há muitos casos em que esta variedade não se enquadra como longo fino (agulhinha).

Mais de 60% do Mato Grosso planta este cultivar por suas características de rusticidade e produtividade, mas a indústria tem preferência pela variedade primavera, que se enquadra perfeitamente como longo fino (agulhinha) e não tem o cheiro característico do Cirad na hora do cozimento.

Produtores, sementeiros, instituições de pesquisas e a indústria do Mato Grosso buscam uma solução. O mesmo caso já ocorreu no Rio Grande do Sul, no passado, com um cultivar denominado Cica 4, que também apresentava mais características de grão médio e um forte cheiro na panela.

No Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a informação é de que existe um projeto de atualização das normas para o Brasil e outro para o Mercosul. O do Mercosul parou porque o Uruguai e o Paraguai não concordaram com algumas regras e não assinaram o tratado. No Brasil, o projeto foi remetido para consulta pública, mas a cadeia produtiva respondeu com diversos anteprojetos, travando o processo que ficou em suspenso.

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