Uruguai promete avaliar alta de tarifa para arroz

Depois de mais de 40 minutos de reunião com o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, o governador Germano Rigotto saiu otimista da residência de Suárez, em Montevidéu.

Depois de mais de 40 minutos de reunião com o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, o governador Germano Rigotto saiu otimista ontem à noite (TERÇA-FEIRA 2) da residência de Suárez, em Montevidéu.

Tabaré prometeu examinar a proposta apresentada pelo governador de elevar a tarifa externa comum (TEC) do Mercosul incidente sobre o arroz de 12% para 35%, o máximo permitido pelas regras do bloco econômico. O aumento da tarifa, que dificultaria a entrada de arroz da Tailândia e dos EUA nos países do Mercosul, é uma das reivindicações dos produtores gaúchos.

– Ele aceitou, e mais do que isso, disse que a medida vai ao encontro do que os produtores uruguaios desejam – afirmou Rigotto.

No início da tarde, Rigotto experimentou a ira dos produtores de arroz uruguaios diante dos bloqueios de estradas liderados pelos arrozeiros gaúchos, que tentam barrar a entrada do produto no mercado brasileiro. Durante reunião-almoço com mais de 600 empresários na Associação de Dirigentes de Marketing, o governador falou sobre o desafio da integração entre os países do Mercosul e o Rio Grande do Sul como “coração” do bloco. Tão logo abriu para perguntas, os arrozeiros uruguaios fizeram, por meio de uma questão escrita, uma longa crítica às barreiras brasileiras e finalizaram.

“Será que essas atitudes tendem a favorecer uma operação efetiva do Mercosul?”

O questionamento veio da entidade Molinos Arrozeiros, que reúne os beneficiadores de arroz do Uruguai.

– Esta pergunta eu tinha certeza que aconteceria – brincou Rigotto, para aplausos da platéia, que contou com os ex-presidentes Júlio Sanguinetti e Jorge Batlle.

Rigotto explicou as dificuldades dos arrozeiros com a estiagem deste ano. Mesmo auto-suficiente, o Brasil importa 1,2 milhão de toneladas de arroz do Uruguai e da Argentina. Os arrozeiros gaúchos pedem a regulamentação das importações, por meio de quotas e tributos, para que o grão seja menos competitivo diante do arroz nacional.

– O problema deve ser tratado pelo governo federal. Os produtores brasileiros querem medidas compensatórias, e elas passam por prorrogação de pagamentos, financiamentos e mais leilões para compra de arroz para estoque. Não existe nenhum movimento do governo brasileiro que atente contra o Mercosul – disse Rigotto.

A elevação da TEC resolve apenas a concorrência com o arroz estrangeiro no Mercosul. Mas não resolve o pleito dos produtores brasileiros quanto à concorrência com o produto uruguaio e argentino importado pelo Brasil.

– Tabaré compreende a realidade. Os produtores uruguaios têm um custo de produção maior do que o preço de venda. Uma situação que não é tão difícil como a vivida pelos produtores gaúchos, mas é ruim – disse o governador.

Tabaré prometeu discutir a elevação da TEC com os outros líderes no próximo encontro do bloco.

A POLÊMICA

No Mercosul

Os arrozeiros brasileiros querem limitar a entrada de arroz uruguaio e argentino no país. Desde a safra passada, o Brasil é auto-suficiente na produção do cereal. Mesmo assim, de 1º de março de 2004 a 28 de fevereiro deste ano, importou 934 mil toneladas do Uruguai e da Argentina, que têm menores custos de produção e oferecem o cereal a preços mais baixos. Os produtores acreditam que as importações derrubam o preço no mercado interno.

Com outros blocos

Os produtores de arroz também pedem o aumento para 35% da tarifa Externa Comum do Mercosul do arroz – o que depende de acordo entre os países do bloco. Atualmente, a tarifa varia entre 9% e 12%, dependendo do tipo do cereal. A alíquota estimula a importação de outros blocos.

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