Sementeiros de Mato Grosso sentem efeitos da crise do setor

Produtores de semente estão sentindo o fraco movimento no Estado.

A princípio poderia ser mais uma crise de vendas do que uma crise de produção. Pelo em Mato Grosso, o setor sementeiro contabiliza uma produção menor de sementes e redução nas vendas. A forte estiagem que atingiu, principalmente o Sul do Estado, durante a safra 04/05, entre os meses de fevereiro e março, também comprometeu a qualidade e a quantidade das sementes para o plantio da nova safra de soja. Justamente ao Sul da Capital, pela altitude, concentram-se as sementeiras estaduais.

A redução na produção, que em casos particulares de cada sementeira, chega a quase 50%, só não terá um impacto negativo e problemático, porque a crise de capital e a falta de crédito dos produtores estão adiando a aquisição do insumo e forçando a uma redução na área plantada.

Em geral, segundo o presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Evandro Reis, a produção está 20%. No ano passado, o Estado produziu 6,4 milhões de sacas de 40 quilos e até agora, pelos dois fatores (frustração e descapitalização), ele acredita que o volume disponibilizado para esta safra não atinja 6 milhões de sacas.

– Até agora foram produzidos cerca de 5,5 milhões, mas se o momento fosse favorável e mediante aos pedidos de compras, acredito que alguns sementeiros teriam condições de incrementar mais um pouco a produção – adverte Reis.

Atualmente, cerca de 1 milhão de sacas vem de fora do Estado. A produção mato-grossense de sementes se concentra em Primavera do Leste, Rondonópolis, Alto Garças, Alto Taquari e Serra da Petrovina. Reis explica que a produção de sementes além de uma produtividade menor, ainda passa por seleção, onde há mais descarte desse grão.

O gerente de produção das Sementes Ipiranga, André Adams, conhece bem os problemas decorrentes do descarte por falta de qualidade. Em condições normais, a produção de sementes de soja era de cerca de 100 mil sacas,

– Depois da forte estiagem aqui em Alto Taquari, 45% da produção foi descartada, ou seja, depois de todo o investimento e manejo para se produzir sementes (muito mais oneroso do que a produção da soja grão), sobraram 55 mil sacas – frisa o produtor.

Com relação aos prejuízos, Adms diz que a conta assusta, mas explica que perdeu R$ 7,00 para cada saca reprovada.

VENDER SEMENTE COMO A GRÃO – A solução para reverter a situação, trazer alívio e um pouco de capital aos sementeiros, segundo o presidente da Aprosmat e o gerente de produção da empresa Sementes Ipiranga, é cortar as sacas e vender o produto como grão as o mercado.

– Continuamos no prejuízo, porque os investimentos para produção de sementes, jamais serão pagos pelo mercado, mas enquanto as sementes são reprovadas por falta de qualidade, podem ser comercializadas, sem problemas, como grãos de soja de primeira qualidade – argumenta.

Reis completa dizendo que no momento esta é a solução.

– O que acaba sendo um problema grave para o Estado e sacramenta a redução de área e vai aumentar a oferta de grãos no mercado.

Para o produtor e sementeiro, Elói Brunetta, Sementes Itaquerê, em Primavera do Leste (239 quilômetros ao Centro Leste de Cuiabá), destaca que além de todo o custo na produção da semente, existem custos como as sacarias, que serão descartadas.

– Somando tudo, há um grande prejuízo para o sementeiro – completa.

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