Fim da temporada do arroz barato
A expectativa é de que os preços do arroz em casca, para o produtor, passem dos atuais R$ 20,00 para R$ 25,00.
A temporada do arroz barato nos supermercados pode estar chegando ao fim. Com os estoques em baixa devido à redução da área plantada nesta safra, a tendência é que o consumidor pague mais caro pelo produto já a partir de julho, segundo projeção da indústria e dos produtores.
.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação no Estado de Mato Grosso, Marco Antônio Lorga, o período de entressafra já sinaliza escassez do produto no mercado.
– Os estoques estão baixos e, por isso, teremos um aumento natural nos preços para o consumidor – frisa, porém sem arriscar uma previsão de quanto poderá ser este reajuste na ponta final da cadeia, ou seja, no varejo.
O presidente da Associação dos Produtores de Arroz do Estado (APA), Ângelo Maronezzi, também evita fazer projeções sobre produção e estoque para os próximos meses.
– Por conta da crise, ainda não fizemos um levantamento sobre a produção no Estado. Por isso não posso afirmar se o produto poderá ou não faltar no mercado – diz.
O último levantamento da APA apontou redução de 60% na área de plantio. No ano passado, Mato Grosso produziu dois milhões de toneladas (t) de arroz e, se a previsão de queda for confirmada, a produção cairá para cerca de 800 mil/t.
O Sindicato dos Produtores de Arroz de Sinop, entretanto, aposta em uma redução bem maior do que a prevista pela APA e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que estima queda de 53%.
– Acreditamos que a produção em Mato Grosso cairá 80% devido à baixa produtividade e a fenômenos climáticos como o veranico, que prejudicou o plantio em praticamente todas as regiões do Estado – diz o presidente do sindicato, Antônio Galvan.
Na região de Sinop, a área plantada foi reduzida em mais de 80%.
– Em todo o Estado a produção não deve passar de 400 mil/t – aposta Galvan, acreditando que a média de produtividade deverá girar em torno de 43 sacas por hectare, volume insuficiente para cobrir os custos de produção na atual safra.
Galvan informa que os custos são de R$ 1,3 mil por hectare plantado.
– Para cobrirmos os custos, teríamos que produzir pelo menos 65 sacas, já que as 43 sacas produzidas garantem uma renda de apenas R$ 860. O nosso déficit por hectare é de aproximadamente R$ 460, o que torna a atividade insustentável para o produtor – pondera.
Ele admite que os produtores que não venderam toda a safra já começam a segurar o produto à espera de uma reação nos preços.
– Quem estava apertado vendeu. Agora é hora de segurar para tentarmos recuperar parte dos prejuízos. Precisamos ao menos cobrir os custos.
Os preços na região de Sinop, que chegaram a R$ 18 para a variedade Primavera (longo fino, tipo 1) agora já alcançam R$ 22.
– Apostamos que nos próximos meses os preços cheguem a pelo menos R$ 25 – acredita Galvan.
SUPERMERCADOS
Nos supermercados, os preços permanecem praticamente nos mesmos patamares do início do ano. O gerente comercial do Comper, Gilson Rodrigues dos Santos, diz que por enquanto só existem especulações de preços, mas a alta ainda não ocorreu. Ele garante que o supermercado está trabalhando com os mesmos preços do começo do ano. Segundo ele, o mercado sinaliza alta para os próximos meses em função da redução dos estoques.
O gerente comercial do Big Lar, Sandro Grossi, também assegura que os preços estão mantidos e os fornecedores ainda não sinalizaram alta.