Federarroz defende indicação da lista tríplice para presidente do Irga

Informação extra-oficial da nomeação de um político não-eleito nas eleições de outubro para presidente do IRGA, como “prêmio de consolação”, agita o setor arrozeiro e repercute mal para o governo gaúcho.

Em audiência com o Secretário da agricultura João Carlos Machado nesta quarta-feira (14), o presidente da Federarroz Valter Pötter, voltou a defender que a presidência do Irga deverá sair da lista tríplice encaminhada à governadora Yeda Crusius no início de janeiro pelo representante do Conselho do IRGA.

– Os produtores e toda a cadeia produtiva estão confiantes que a governadora indicará um dos nomes escolhidos pelo Conselho do Irga para presidente – afirmou.

Pötter lembrou que o Estado produz mais da metade do arroz brasileiro e com produtividade elevada, graças a um esforço conjunto dos arrozeiros e do Irga.

– Enfatizamos que o melhor para o setor orizícola é a continuidade do excelente trabalho desenvolvido pela Autarquia – finalizou.

Na lista estão os nomes de Maurício Fischer, Rubens Silveira e Sérgio Marocco.

Ainda no encontro, Pötter levou ao Secretário a confirmação de leilões públicos e AGFs para o arroz e oficializou que Machado será um dos homenageados como “Homem do Arroz”, na 17ª Abertura da Colheita, de 02 a 04 de março, em São Gabriel. Maurício Fischer, o atual presidente que também é funcionário de carreira do instituto, será homenageado com o mesmo título.

DESCONFORTO

A audiência do presidente da Federarroz Valter José Pötter, e a mobilização de setores da lavoura arrozeira e do conselho do IRGA está diretamente ligada à informação de que na divisão de cargos políticos no governo do Estado, o IRGA teria sido “loteado” para um partido que estaria interessado em entregar a presidência do instituto para um ex-prefeito.

A informação corrente no setor arrozeiro gaúcho desde a última sexta-feira, causou um desconforto generalizado na cadeia produtiva, um clima de incerteza e desconfiança com relação ao novo governo do Estado.

No setor, a informação foi muito mal recebida. O entendimento é que o IRGA foi o principal responsável pelo salto tecnológico e produtivo da lavoura arrozeira nos últimos três anos, depois de 18 anos de estagnação da produtividade gaúcha. Lideranças ligadas ao conselho do instituto, à Federarroz e associações de arrozeiros ratificaram o desejo de que a governadora escolha o presidente da lista triplice, formada pelos atuais diretores eleitos pelo conselho.

Seria a garantia de que o IRGA continuará aplicando os projetos em andamento e cumprirá o Planejamento Estratégico da Pesquisa e Transferência de Tecnologia para os próximos 10 anos.

Consideram, porém, que uma indicação de político alheio ao setor, meramente para a ocupação de cargo em troca de apoio ao governo, coloca em risco o projeto e o desenvolvimento da lavoura arrozeira. E mais: que haveria constrangimentos para o novo indicado e a cadeia produtiva se sentiria desconsiderada pela governadora gaúcha.

– O clima seria muito ruim se o IRGA acabasse nas mãos de um político de carreira, um paraquedista descompromissado com a lavoura de arroz do Rio Grande do Sul. Por muitos anos o IRGA já passou por um loteamento de cargos políticos que só prejudicou a lavoura e o próprio instituto. Haveria muita rejeição do setor, do conselho e até mesmo dos funcionários a esta pessoa e estaria estabelecida uma crise, um impasse no setor – destacou um conselheiro.

A partir do surgimento da informação extra-oficial de indicação de um político para assumir o IRGA na condição de “prêmio de consolação” pelo fracasso nas últimas eleições e “atividade partidária”, iniciou-se uma grande mobilização no setor e contatos com representantes do governo. O secretário João Carlos Machado tranquilizou reiteradas vezes os arrozeiros, afirmando que há um compromisso do governo em indicar alguém da lista tríplice, embora esta seja uma decisão da governadora Yeda Crusius.

Os diretores do IRGA não quiseram se manifestar sobre o assunto. Informaram apenas que aguardam a decisão. Na Assembléia Legislativa, foi desengavetado o projeto de lei que estabelece a escolha do presidente da autarquia pelos conselheiros representantes dos municípios arrozeiros. A proposta havia sido apresentada durante o governo do PT, no Rio Grande do Sul, quando houve uma tentativa de exonerar os diretores eleitos para indicar partidários do governo da época.

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