Campanha incentiva consumo de arroz e feijão

ara reverter esse quadro, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome irá lançar uma campanha para incentivar o consumo da combinação gastronômica mais popular do Brasil.

A queda do consumo do arroz e do feijão tem preocupado o governo. Apesar dos benefícios nutricionais, nos últimos anos, o principal prato da culinária nacional perdeu espaço na mesa dos brasileiros. Para reverter esse quadro, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome irá lançar uma campanha para incentivar o consumo da combinação gastronômica mais popular do Brasil. Segundo pesquisa feita do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cada brasileiro consome anualmente 12,4 quilos de feijão, quantidade que chegou a 23 quilos na década de 60.

– Não temos como meta a ampliação do consumo (do arroz e feijão), queremos reverter a queda do consumo – explica Onaur Ruano, secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, ligado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A combinação do arroz e do feijão é considerada perfeita pelos nutricionistas porque os dois alimentos se complementam. A leguminosa é fonte de ferro, fibras e minerais, enquanto o grão é rico em carboidratos.

Além disso, a proposta da secretaria é apoiar financeiramente projetos desenvolvidos por órgãos de pesquisa e universidades que melhorem as características nutricionais dos alimentos, principalmente, os mais consumidores pela população de baixa renda, como arroz, feijão e mandioca, por exemplo. A primeira parceria a ser firmada deverá ser com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), que já desenvolve pesquisa de melhoramento genético do feijão. O órgão deverá encaminhar ao ministério projeto detalhando a pesquisa, inclusive, com estimativa de custos.

– É nosso interesse que a população tenha acesso a um alimento com mais vantagens nutricionais. Além disso, as pesquisas são de melhoramento genético convencional, sem utilização de transgenia, porque esta tecnologia depende de royalties, gera dependência e ainda não se sabe os impactos para a saúde humana – observa Ruano.

Ele ainda comenta que um levantamento realizado pelo IBGE, em 2004, através da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD), indica que 35% da população brasileira tem algum tipo de insegurança alimentar.

Destes 35%, 6,5% têm insegurança alimentar grave, ou seja, chegam a ficar algum dia sem comer. Já o restante dessas pessoas não chegam a passar fome, mas não tem variedade de alimentos – como carnes, leite e hortaliças – ou tem receio de não ter condições para comprar comida. No Paraná, 3,7% da população ficam algum dia sem comer.

– É um índice alto, mas não temos dados anteriores porque esta foi a primeira pesquisa feita no País sobre isso. Trabalhos com essa linha de base, mas acredito que, atualmente, o porcentual é menor porque tivemos a implementação de vários programas de transferência de renda – comenta Ruano.

Ele lembra, por exemplo, que em 2003 o Bolsa Família atendia mais de 3 milhões de famílias. Neste ano, são 11 milhões.

– A titular da conta é sempre a mãe e uma pesquisa já nos mostrou que o dinheiro do benefício é destinado, primeiro, para comprar comida, em seguida, roupas e depois material escolar – informa.

O governo também deverá levar a merenda escolar aos estudantes do Ensino Médio. A alimentação na escola será implantada a partir do próximo ano e serão mais 8 milhões de adolescentes atendidos.

– Pelo menos 30% destes alimentos terão que ser adquiridos da agricultura familiar e isto alavanca a economia local, respeita os hábitos e oferece alimentos frescos. Além disso, evita a evasão escolar – afirma.

O Iapar, de Londrina, foi procurado pela reportagem para comentar a parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, mas o órgão preferiu não se manifestar porque “a questão não está institucionalizada”.

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