Estiagem atrasa plantio de feijão e arroz e puxa preços

Se o clima no oeste baiano estivesse dentro da normalidade e as chuvas já tivessem começado com regularidade, os produtores rurais, tanto de cerrado quanto de vale, estariam em época de plantio. Entretanto, os fatores climáticos estão atrasando o início do plantio e preocupando a classe produtora da região.

O feijão e o arroz, dois componentes básicos do prato típico do brasileiro, estão cada vez mais proibitivos na mesa de pessoas com menor poder aquisitivo.

Isso porque o preço dos grãos teve reajustes consideráveis este ano, principalmente o feijão, cuja saca de 60 kg passou de R$ 80 para R$ 200 no mercado de Barreiras (870 km de Salvador, no oeste do Estado), como reflexo principalmente da seca que atingiu a região.

Se o clima no oeste estivesse dentro da normalidade e as chuvas já tivessem começado com regularidade, os produtores rurais, tanto de cerrado quanto de vale, estariam em época de plantio. Entretanto, os fatores climáticos estão atrasando o início do plantio e preocupando a classe produtora da região.

No vale, ambos os produtos são direcionados, principalmente, para a agricultura de subsistência e se caracterizam por serem culturas de sequeiro. Já no cerrado, o feijão é plantado sob pivô central e o arroz se restringe às áreas nos dois primeiros anos de plantio, após derrubada do cerrado.

CERRADO – Na safra 2006/2007, foram plantados 15 mil hectares de arroz na região do cerrado baiano, com produtividade média de 1.800 quilos por hectare, somando 27 mil toneladas.

De acordo com dados da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), ainda não há uma estimativa de área a ser plantada na safra 2007/2008.

A área de arroz no cerrado é uma quantia insignificante se comparada à soja, que, na safra passada, ocupou 850 mil hectares. Segundo o consultor de agronegócios, engenheiro agrônomo Ivanir Maia, a probabilidade é que este ano a área de arroz seja ainda mais reduzida, “pois era tradição plantar o arroz nas primeiras safras em uma área nova, porque é uma cultura que se adapta relativamente bem às condições de solo”, frisa.

Maia explica que a composição química do solo do cerrado é de baixa fertilidade, e por isso precisa ser melhorado com calcário e outros adubos. Como leva de dois a três anos para que a acidez seja corrigida a contento, era costume plantar arroz nos primeiros anos, com produtividade média de 30 sacas por hectare no sequeiro.

– Hoje existem cultivares de soja que estão tendo bons resultados nestas áreas novas, coisa que não acontecia no passado. Pelo fato da soja ser prioridade, pois tem um mercado muito mais estável, com melhor rentabilidade e liquidez, a soja é preferida – destaca Maia.

AGULHINHA – Um dos poucos agricultores que cultivam arroz irrigado na região, Miguel Carvalho, plantou, na última safra, dois pivôs do arroz tipo agulhinha, com custo de implantação em torno de R$ 1.700/ha. A produtividade média do arroz irrigado é de 70 sacas por hectare com valor que varia entre R$ 80 a R$ 90 a saca de 60 kg.

Já o feijão do cerrado é todo irrigado por pivô central, sendo a maioria da variedade Carioca Pérola.

Na safra passada, segundo dados da Aiba, foram plantados 7 mil hectares, produzindo 10.800 toneladas, com produtividade média de 1.440 kg/há. A primeira estimativa para a próxima safra é atingir 15 mil hectares de feijão irrigado.

Dobrar a área com feijão é resultado principalmente dos preços que o produto vem alcançando nos últimos meses, pois no Centro de Abastecimento de Barreiras, no início do ano a saca de 60 kg era comercializada por R$ 80.

– Agora está custando R$ 200, com previsão de subir para R$ 300 em pouco tempo – diz o feirante Iziderio Nogueira, 32 anos.

– Porque não está chovendo e os colonos das áreas de sequeiro nem começaram a plantar o feijão ainda. Isso mostra que se o produto já está caro, vai subir mais ainda – afirma o feirante André Ferreira, 75 anos, acrescentando que feijão está virando produto de luxo “que vai virar sobremesa dos ricos” – brinca Ferreira.

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