Arrozeiros gaúchos viram madrugadas para não atrasar plantio

Último levantamento do Irga aponta que cerca de 71% da área prevista no Rio Grande do Sul foi semeada.

Na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, o som estridente dos motores das semeadeiras não pára na cidade de Uruguaiana. Enquanto a maioria das pessoas dorme, produtores do município que mais cultiva arroz no país aproveitam o tempo seco para plantar durante a madrugada.

O trabalho acelerado que começa no dia e atravessa a noite pretende adiantar a semeadura antes da chuva, que deve cair entre esta terça-feira, dia 20 e quarta-feira, dia 21, na região, comprometendo o cultivo.

Todo o esforço é para seguir as recomendações do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), de terminar o plantio ainda em novembro.

Conforme acompanhamento do instituto, o Rio Grande do Sul está com cerca de 71% de área cultivada prevista de cerca de 1 milhão de hectares. Cerca de 10% atrasado em relação à safra passada, segundo informações do presidente do Irga, Maurício Fischer. A fronteira oeste do Estado já está com 80% de área concluída.

Produtor de arroz há mais de 40 anos em Uruguaiana, Leomar Bertoldo, 56 anos, apelou às madrugadas para o plantio na semana passada. Dos 420 hectares destinados ao cultivo, falta semear 20%. Segundo Bertoldo, o que muda no plantio noturno são os cuidados na hora de levar as sementes ao solo.

– Se a máquina embucha ou dá algum problema, não tem como ver. Fazemos um rodízio de funcionários para ninguém ficar sobrecarregado. Na madrugada, eu assumo uma das máquinas – conta.

O primeiro dia de atividade noturna nas lavouras da propriedade de Bertoldo foi no fim da semana passada, e os problemas logo apareceram. Ao entrar na lavoura, uma das semeadeiras ficou presa em uma taipa.

– Isso ocorre pela falta de luminosidade. Quem está à frente da máquina não sabe exatamente onde está se metendo. Mas esses problemas são normais – explica.

Ainda que plantar à noite dê mais trabalho, o agrônomo da unidade do Irga em Uruguaiana, Gustavo Hernandes, aconselha os produtores a continuarem o trabalho.

– É melhor estender o trabalho e ficar dentro do prazo do que perder em produtividade mais tarde – orienta Hernandes.
Para Maurício Fischer, um possível atraso no cultivo se refletirá diretamente na produtividade das lavouras.

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