Engenhos voltam a cobrar liberação de estoque
O Sindarroz-RS estima que, até o início da colheita 2007/08, as empresas precisarão adquirir 2 milhões de toneladas.
A indústria arrozeira gaúcha solicitou formalmente ao Ministério da Agricultura (Mapa) a venda de parte dos estoques públicos de arroz da Conab (1,5 milhão de toneladas). O pedido, enviado pela segunda vez no mesmo mês, tem como objetivo abastecer as beneficiadoras da região Sul do Estado e algumas de Santa Catarina. Caso contrário, o setor projeta um acréscimo entre 15% e 20% no preço do produto ao consumidor nos próximos meses.
O comunicado revela preferência por leilão de VEP. Mas, segundo o presidente do Sindarroz, Élio Coradini, o meio de comercialização não interfere no resultado.
– A não ser que eles entendam que o preço deva subir – disse.
Ele estima que, até o início da colheita 2007/08, as empresas precisarão adquirir 2 milhões de toneladas.
A ação desagradou aos produtores, que garantem existir estoque do grão no mercado gaúcho. Conforme o último levantamento do Irga, os agricultores mantêm 1,2 milhão de toneladas.
– Se houver leilão, queremos que os preços praticados cubram, ao menos, o custo de produção de R$ 26,00 – argumenta o presidente do instituto, Maurício Fischer.
O presidente da Federarroz, Renato Rocha, afirma que as indústrias querem forjar queda no valor do cereal.
– Como o preço começou a reagir, eles têm que dar um jeito de baixá-lo – argumenta.
A saca do grão, que iniciou a última safra por volta dos R$ 19,00, alcançou R$ 23,63 ontem.
– Já chegamos a R$ 24,60 em setembro – lembra.
No intuito de evitar os leilões, a federação enviou um documento ao Mapa contrapondo-se à indústria.
– Existe a intenção de derrubar mercado – aponta Rocha.
O superintendente da Conab no RS, Carlos Farias, disse que não foi informado da solicitação.
– Não tenho nenhuma sinalização de Brasília – assinala.
Em outubro, a indústria e, inclusive, os arrozeiros negociaram com o governo a implementação de leilões de VEP para escoar 300 mil t dos estoques. A idéia era abrir espaço para a nova safra e, com isso, viabilizar acesso à comercialização. Contudo, o setor mudou de idéia e, em novembro, a Conab suspendeu os pregões.