Ano do arroz foi atípico para o mercado brasileiro
Os preços praticados atualmente ainda não justificam a liberação de estoques.
O mercado brasileiro de arroz teve um ano atípico, fugindo das oscilações históricas. Quando era para cair, subiu. E, quando era para avançar, recuou. O ano de 2007 inicia bastante parado, com baixíssima liquidez. Em janeiro, período de pico de entressafra, as cotações se retraem, em conseqüência da manutenção da oferta por parte dos produtores e do baixo interesse de compra das redes varejistas.
Em fevereiro, começa a reação, à espera de mecanismos de comercialização, marcados para março. Com isso, no terceiro mês de 2007 o preço sobe significativamente, em plena safra. Uma série de fatores influencia este comportamento, como a eficiência dos leilões de contratos de opção de venda no Rio Grande do Sul e Santa Catarina; o atraso da colheita em função das constantes chuvas; e os prejuízos às lavouras em conseqüência das precipitações e ventos fortes nos dois estados do sul.
Em abril, a nova produção é ofertada em maior volume e as cotações, enfim, recuam. Porém, os negócios seguem reduzidos. Em maio, o comportamento atípico volta à cena: preços estáveis, em decorrência da disponibilidade de recursos para a comercialização antes da colheita, o que permite um melhor escalonamento das vendas.
O mês de julho mostra-se parado, com os produtores apostando em preços mais atrativos nos próximos meses. De qualquer forma, as indústrias apresentam estoques cheios.
Vem a virada do ano e as cotações começam a subir, mas nominalmente. A greve dos fiscais agropecuários e a valorização do cereal no Uruguai e na Argentina atuam como suporte. Agosto já apresenta maior liquidez, com os rizicultores precisando quitar parcela de financiamento. A necessidade de capital para preparo do solo é fator adicional de crescimento nos negócios.
Setembro fica marcado pela “queda de braço” entre produtores e as indústrias. Enquanto o orizicultor força uma recuperação no cereal, as beneficiadoras se dizem abastecidas e compram somente o estritamente necessário. Em outubro, a indústria parece ganhar a disputa, pois a oferta aumenta e os preços novamente enfraquecem.
No penúltimo mês do ano, a surpresa volta a imperar e a cotação recua em plena entressafra. Além dos produtores precisarem honrar compromissos, pesam as dúvidas sobre a gestão dos estoques públicos antes da entrada da nova safra. Em dezembro, a menor oferta volta a sustentar os preços, mas as indefinições de como serão aberto espaços nos armazéns persistem.
As indústrias gaúchas seguem apresentando pouco interesse de compra de arroz em casca. Além das dificuldades ocorridas nas negociações com as redes varejistas, algumas encontram-se abastecidas, declarando que têm condições de aguardar a entrada de arroz novo no mercado.
É sabido que nos próximos três meses o consumo sofre uma redução em relação às demais épocas do ano. O grande problema, sem dúvida alguma, será a necessidade de abrir espaço para o recebimento da safra 2007/2008, principalmente no Rio Grande do Sul, onde ainda há grande volume de estoque público.
Como a Conab deve parar para um período de auditorias internas, os leilões não serão realizados antes da primeira quinzena de janeiro. Além disso, os preços praticados atualmente ainda não justificam a liberação de estoques. Estamos diante, portanto, de um pequeno período de potencial recuperação, principalmente no estado gaúcho.