Cultivo simultâneo de camarão e arroz garante renda extra
Ainda não há cultivos comerciais de rizicarcinicultura, pois a tecnologia está sendo aperfeiçoada, mas os pesquisadores já estão em busca de rizicultores, que reservariam uma pequena área de plantio e mão-de-obra.
O cultivo consorciado de arroz com camarão de água doce está sendo estudado pelo Instituto de Pesca e no Pólo Apta do Nordeste Paulista, em Mococa (SP), como opção de renda extra para rizicultores que adotam o sistema de cultivo inundado. O projeto é coordenado pelos pesquisadores Helcio Luis de Almeida Marques, Helenice Pereira de Barros e Margarete Mallasen, do Instituto de Pesca, e Marcello Villar Boock, do Pólo Apta.
– Com o alto custo de produção do arroz inundado, é preciso buscar alternativas de agregação de valor – diz Marques.
Ainda não há cultivos comerciais de rizicarcinicultura, pois a tecnologia está sendo aperfeiçoada, mas os pesquisadores já estão em busca de rizicultores, que reservariam uma pequena área de plantio e mão-de-obra.
– Nós forneceríamos assistência técnica.
No sistema, o camarão e o arroz são cultivados simultaneamente. Marques explica que a tecnologia é voltada para produtores que cultivam arroz em tabuleiros (quadras inundadas) de, aproximadamente, mil metros quadrados. O crustráceo é cultivado na área inundada do arrozal.
Com algumas adaptações, pode-se introduzir o camarão.
– Essas adaptações consistem em elevar o nível da lâmina d’água para 25 a 30 centímetros, instalar um sistema de abastecimento e drenagem de água, com comportas dotadas de telas para permitir o fluxo contínuo da água nos tabuleiros e evitar o escape dos camarões, e construir canais de despesca, onde é capturada a maior parte dos camarões.
Segundo Marques, a possibilidade de eliminar a adubação nitrogenada de cobertura no arroz será também avaliada, já que as excreções do camarão são ricas em nitrogênio e podem suprir as necessidades da cultura, reduzindo os custos.
Os testes resultaram numa produção de aproximadamente 6,7 toneladas de arroz e de 98 quilos de camarão/hectare. Os custos de produção de camarão restringiram-se às pós-larvas e à mão-de-obra, já que não houve fornecimento de ração suplementar aos mesmos.
– A agregação de valor ao arrozal, proporcionada pelo camarão, pode atingir R$ 1.960/hectare.