Produtividade da lavoura de arroz cai 10%
Variações climáticas no vale do Rio Pardo afetaram desenvolvimento das plantas nos primeiros meses do ano.
À medida que as colheitadeiras avançam nas lavouras de arroz do Vale do Rio Pardo, os produtores já começam a contabilizar mais um ano de prejuízos. Estimativas do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) indicam que a produtividade deve ficar pelo menos 10% menor em Rio Pardo e Pantano Grande, os maiores produtores da região. Em outras cidades, como é o caso de Candelária, a situação é mais tranqüila, mas existe preocupação quanto ao preço do produto.
Entre os fatores que contribuíram para afetar o rendimento das plantações estão as baixas temperaturas verificadas entre janeiro e fevereiro. Neste período o grão está em fase de desenvolvimento e qualquer tipo de variação climática pode comprometer a produção.
De acordo com o engenheiro agrônomo do Irga de Rio Pardo, José Fernando de Andrade, nesta safra o índice de esterilidade do grão está muito elevado. Havia a expectativa de se colher em média 7 mil quilos por hectare, entretanto até agora foram verificados 6,4 mil quilos por hectare. Esta diferença coloca em risco a produtividade, que tende a ficar em um dos patamares mais baixos dos últimos anos.
Segundo Andrade, projeções apontam que a quebra pode atingir até 20%.
– Em janeiro houve um dia com temperatura de 11 graus em Encruzilhada do Sul. Essa queda na temperatura afetou praticamente todos os municípios – recorda.
Depois disso o tempo voltou a colaborar, mas mesmo assim ainda não deve ser capaz de recuperar as perdas ocasionadas nos primeiros meses do ciclo. Atualmente o Irga de Rio Pardo, responsável também por Pantano Grande e Passo do Sobrado, contabiliza 32% de área colhida. O índice está dentro do previsto para esta época do ano.
O produtor Jairo Kern, que tem lavouras em Rio Pardo e Pantano Grande, no entanto, foge à regra. Nas plantações que mantém com outros dois sócios ele está conseguindo obter um rendimento superior aos 8 mil quilos por hectare.
– Sei que não está bom para todos, mas no meu caso a situação está melhor – disse.
Com mil hectares plantados, ele projeta uma das maiores safras dos últimos anos.
CANDELÁRIA
A baixa produção, no entanto, não está sendo verificada na região de abrangência do 27º Núcleo de Assistência Técnica do Irga, com sede em Candelária, responsável também por Cerro Branco, Vale do Sol, Vera Cruz, Santa Cruz do Sul, Vanâncio Aires e Cruzeiro do Sul.
Segundo o engenheiro agrônomo Luciano Siqueira, o rendimento está de acordo com a expectativa. A previsão, ressalta, era de que fossem colhidas em média 6,5 toneladas por hectare.
– Por enquanto está dentro do previsto – ressalta.
Entretanto a tendência é de que esse índice reduza nas próximas semanas. Atualmente 15% dos 14.460 hectares plantados nas sete cidades estão colhidos.
– Normalmente, nos primeiros dias o arroz é melhor, pois está no ponto de colheita. Depois podem ocorrer reduções – comenta.
Além de estarem com uma boa média, as lavouras desta área também demonstram uma qualidade satisfatória.
– Ao contrário de outras regiões, aqui o tempo foi nosso aliado – ressalta.
Esta colaboração ajudou a ampliar também o rendimento da safra, mas ainda não é garantia de preço.
Conforme levantamentos do Irga, algumas regiões estão praticando o valor de R$ 22,00 pela saca de 50 quilos. Por este motivo o setor arrozeiro solicitou à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a antecipação dos leilões que aconteceriam no dia 10 de abril.
A previsão é de que a Conab acate a solicitação e divulgue o edital já na semana que vem, com o pregão sendo realizado no dia 3 de abril. Serão ofertadas 125 mil toneladas em dois mecanismos de venda.
SAIBA MAIS
Com 55% do processo finalizado, o município de São Borja, na Fronteira Oeste gaúcha, é o mais adiantado na colheita. A região tem 25% da área colhida e uma produtividade de 7,5 mil quilos por hectare. Na Campanha, o procedimento foi concluído em 17% da área, com destaque para Cacequi, que tem 22%. Já na Planície Costeira Externa, o município de Santo Antônio da Patrulha alcançou 23% da área colhida durante a semana, enquanto que a região tem 13%.