Governo brasileiro suspende exportação de arroz para evitar desabastecimento

Ministro da Agricultura disse que está preocupado com o abastecimento daqui a quatro ou cinco meses, uma vez que o preço do arroz vem aumentando muito no mercado mundial e importar está cada vez mais difícil.

O ministro de Agricultura, Reinhold Stephanes, informou que desde a semana passada estão suspensas as exportações de arroz dos estoques do governo. O ministro explicou ainda que amanhã se reunirá com produtores para pedir a suspensão de vendas externas feitas diretamente pelo setor privado.

Segundo o ministro, podem ser usados mecanismos como aumento da tarifa de exportação do produto para inibir a venda. Stephanes diz que o objetivo é proteger o mercado interno. Ele disse que está preocupado com o abastecimento daqui a quatro ou cinco meses, uma vez que o preço do arroz vem aumentando muito no mercado mundial e importar está cada vez mais difícil.

Colheita de arroz em fazenda de Uruçuí (PI)

O ministro afirmou que não há prazo para retomar a exportação e que o governo tem acompanhado de perto o mercado.

– É pelo tempo necessário para que tenhamos segurança de que não vai faltar arroz no Brasil.

Segundo o CBOT (Chicago Board of Trade), maior bolsa de commodities agrícolas do mundo, a saca do arroz subiu, nos últimos três meses, de US$ 15,50 para US$ 24,46.

Hoje, o estoque público do Brasil é de 1,6 milhão de toneladas, sendo que 1 milhão é a quantia considerada excedente, ou seja, que poderia ser exportado sem afetar o mercado interno imediatamente.

– Como o Brasil possui um excedente muito pequeno, é melhor guardar para o mercado interno – afirmou Stephanes.

Segundo ele, o Brasil não é grande exportador de arroz, mas vende ao mercado externo, anualmente, cerca de 800 mil toneladas.

O crescimento da demanda mundial por alimentos e a conseqüente alta dos preços tem sido motivo de debates ao redor do mundo nas últimas semanas. Assim, destacou Stephanes, cresceu fortemente o número de pedidos ao Brasil vindo de países da América do Sul e da África, o que pode comprometer o estoque futuro.

– Recebemos vários pedidos, chegamos a manter entendimentos para exportar 600 mil toneladas dos estoques que nós temos, mas, depois de alguns países da Ásia fecharem a exportação, nós também evidentemente seguramos – disse.

Milho

Stephanes disse ainda que o governo acompanha atentamente o mercado de milho, que é usado também como ração para animais. O Brasil tem um excedente de 12 milhões de toneladas de milho, mas há o receio de, caso precise importar, não encontre o produto já que a maioria do milho produzido lá fora é transgênico, o que não é usado no Brasil.

– Não há intenção de adotar isso [a suspensão das exportações] em relação ao milho por enquanto, mas nós temos que acompanhar no dia-a-dia o que acontece. Se nós não conseguirmos prever possibilidade de importação eu diria que todos os mecanismos possíveis devem ser adotados para segurar o abastecimento e as necessidades internas – completou.

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