“Consumo de arroz carolino pode fazer baixar os preços”

Quem o diz é o presidente da Associação Nacional dos Industriais de Arroz (ANIA). Ernesto Morgado espera que as pessoas não entrem em pânico com as subidas dos preços.

O aumento dos preços do arroz nos mercados internacionais já está a ter efeitos nos orçamentos familiares dos portugueses, através da subida do preço do quilograma deste bem alimentar. Contudo, este efeito pode ser limitado. Desde que os consumidores comecem a comprar mais arroz do tipo carolino, cuja produção nacional é suficiente para abastecer o mercado. Quem o diz é o presidente da Associação Nacional dos Industriais de Arroz (ANIA). Ernesto Morgado espera que as pessoas não entrem em pânico com as subidas dos preços.

– Importamos mais de 50% de arroz devido ao consumo crescente dos tipos agulha, vaporizado e basmati. Uma consequência natural dos novos estilos de vida, com a procura de experiências diferentes e curiosidade por novos produtos – sublinhou Ernesto Morgado.

– Se houvesse uma tendência de subida do consumo de arroz carolino, podia resolver-se eventuais problemas nas colheitas no exterior e podia resolver-se a situação dos preços altos.

Parte do consumo de arroz agulha é abastecimento através do recurso às importações. E é devido a essa procura que os produtores e distribuidores têm de subir os preços, para acompanhar a escalada nos mercados. Ernesto Morgado tem outra explicação para o aumento do preço do agulha.

– O carolino é mais adequado à nossa gastronomia, sobretudo no arroz de peixe, de marisco ou no arroz malandrinho. Mas o agulha apresenta melhores resultados para quem não sabe cozinhar ou não tem tempo para se dedicar à cozinha.

E, devido ao aumento do consumo, “mesmo que haja boas colheitas na Europa, não resolve o problema do agulha”. Recorde-se que dentro de mês e meio, aproximadamente, começarão a ter efeitos nos mercados europeus as colheitas sazonais de arroz.

A propósito do carolino, Ernesto Morgado garante:

– Luto há muitos anos para que o Estado apoie uma campanha de promoção do consumo. Mas ainda não conseguimos avançar com essa iniciativa, que podia ajudar a resolver os preços altos.

PAC e dramatismo

Ernesto Morgado, que acumula ainda a presidência da Federação dos Industriais de Arroz Europeus (FERM), critica também a política agrícola comum (PAC), que obrigou Portugal a reduzir a área de cultivo de arroz.

– Tínhamos antes 33 mil hectares para produzir por ano. Com a PAC, a União Europeia congelou áreas e ficámos apenas com 23 mil hectares. Por outro lado, fomos muito prejudicados porque o consumo de arroz carolino caiu e nós tivemos de continuar a produzi-lo. Se houver uma revisão da PAC neste ponto, Portugal pode ter uma área de cultivo mais adaptada às suas necessidades.

Apesar das subidas do preço do quilo este ano – que interromperam uma década de descidas -, Ernesto Morgado apelou a uma desdramatização.

– Não devemos dramatizar. Em Portugal, o problema não é gravíssimo como nos países do Oriente ou África. Se as pessoas não entrarem em pânico e não começarem a açambarcar arroz sem necessidade, não haverá problemas de abastecimento.

Ernesto Morgado adianta:

– Com uma consciencialização para não se aumentar o consumo desnecessário e incentivos ao aumento da oferta, conseguiremos passar esta fase de preços altos.

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