Arroz – Nem só de preços vive a expansão do plantio
Mesmo depois que a cotação atingiu o recorde histórico de US$ 1 mil a tonelada no mercado internacional, Tabaré Aguerre, presidente da Associação de Cultivadores de Arroz (ACA) do Uruguai, é cauteloso quando fala em aumento da produção.
A lógica diz que se os preços de um produto entram em uma espiral constante de alta, há um estimula à ampliação da produção. Mas no caso do arroz não é tão simples. Mesmo depois que a cotação atingiu o recorde histórico de US$ 1 mil a tonelada no mercado internacional, Tabaré Aguerre, presidente da Associação de Cultivadores de Arroz (ACA) do Uruguai, é cauteloso quando fala em aumento da produção.
– O aumento da área plantada depende de elevados investimentos em estrutura de irrigação – explica ele, lembrando que embora os preços tenham subido, também estão disparando os custos de combustíveis (por causa da alta do petróleo), fertilizantes e insumos, o que reduz a rentabilidade do cultivo.
Renato Soares Gastaud, diretor-executivo da Saman, acrescenta à análise o fato de que nos últimos anos o arroz vinha perdendo espaço nas fazendas para o cultivo de outras commodities cujos preços já vinham subindo, como soja, milho e trigo.
– A terra começa a ficar escassa e cara – diz Gastaud, que prefere não arriscar uma projeção para o aumento da produção no Uruguai.
Última das commodities agrícolas a registrar forte valorização no mundo, o arroz nunca foi um produto relevante no comércio internacional como soja, milho e trigo. Das mais de 600 milhões de toneladas produzidas no mundo, apenas 30 milhões são comercializadas no exterior. O restante é consumido domesticamente, sobretudo na Ásia.
Com uma produção total de 12 milhões de toneladas, o Brasil está entre os maiores do mundo. Mas o consumo de 13 milhões de toneladas leva o país a um déficit coberto com importações, principalmente dos outros países do Mercosul.
– O aumento dos preços internacionais é bom para o Uruguai que exporta 95% de sua produção – diz Aguerre.
Segundo ele, os uruguaios poderiam elevar a área plantada dos atuais 175 mil hectares para 190 mil. Mas é difícil que os arrozeiros decidam por essa expansão – de 8,6% em relação à safra de 2007. Isso porque há limitações importantes, como a atual escassez de água.