Resultado do leilão joga preços do arroz mais para baixo

O resultado do leilão de 50 mil toneladas de arroz, promovido pela Conab nesta quarta-feira, provocou redução nos preços. O setor já reagiu e encaminha documento solicitando mudanças nas regras da Conab e suspensão temporária para avaliação dos resultados. Há um leilão previsto para o dia 4 de novembro.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) promoveu nesta quarta-feira mais um leilão de 50 mil toneladas de arroz. Os resultados são considerados negativos para a cadeia produtiva. A média ponderada até o lote 113 era de R$ 30,36 a saca, uma redução de mais de R$ 4,00 a saca se for considerado o referencial de comercialização livre entre produtores e indústria. Ao final, a média ponderada ficou em R$ 30,22, a mais baixa do segundo semestre deste ano/safra. Foram comercializados 94% do volume ofertado.

O próprio governo federal declarou inúmeras vezes que seu objeitvo era manter o arroz entre R$ 32,00 e R$ 33,00, portanto a queda dos preços poderá deflagrar alguma reação com relação aos próximos leilões.

Planeta Arroz identificou nesta quarta-feira situações pontuais que levaram à queda nos valores, mesmo com os estoques brasileiros em queda. A primeira é a falta de capital de giro de muitas empresas, que compraram o produto nos leilões anteriores e não conseguiram retirar do armazém e colocá-lo em circulação no mercado. É dinheiro que está preso nos silos e os juros para quem buscou capital nos bancos, foi multiplicado por quatro com a crise econômica. Este é o primeiro efeito que o setor está sentindo diretamente.

A indústria também não conta com a boa vontade de alguns armazenadores, que com a retirada integral dos estoques de seus silos poderão ficar seis meses sem esta renda, até entrada da outra safra.

Estima-se que mais de 150 mil toneladas dos leilões mais recentes seguem nos silos, promovendo este efeito. As indústrias, por sua vez, não querem mais recorrer ao caro financiamento bancário, e não força disputa nos leilões, para evitar o ágio. Por outro lado, há vantagem em pagar menos no leilão: alguns produtores já falam francamente em ofertar, razão pela qual o mercado livre apresenta-se em queda. A indústria, sentindo o momento, retraiu-se, pois esta costuma ser uma das semanas mais fracas na negociação com o varejo.

As Bolsas de Mercadorias encaminharam documento à Conab e ao Mapa solicitando o escalonamento dos lotes por armazéns, ou seja, pela dificuldade de logística na retirada do produto que os lotes não representem mais de 25% do volume depositado. É também uma demanda dos armazenadores, como já explicado. Mas, o argumento principal é a dificuldade de logística de retirada do produto.

– O dinheiro de quatro leilões está praticamente preso nos silos, com uma saída grão-a-grão – disse um corretor.

Irga e Federarroz também se movimentaram ontem solicitando uma reunião da cadeia produtiva com a Conab e o Mapa. Consideram que é o momento oportuno de reavaliar os leilões e espaçá-los, pelo menos até que os preços voltem aos patamares anteriores.

Esta foi a terceira oferta de estoques públicos que a estatal realiza em outubro, com o objetivo de estabilizar os preços no mercado interno, mas acabou derrubando-os este mês.

Nos dois primeiros leilões do mês, o governo vendeu as 100 mil toneladas ofertadas. Com as operações, o preço médio pago ao produtor gaúcho manteve-se estável, oscilando entre R$ 35,77 a saca de 50 quilos no início do mês e R$ 36,03 nesta semana.

Com informações da Conab e corretoras.

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