Produtores começam a colher arroz irrigado no Ceará

Os produtores de arroz irrigado estão satisfeitos com a boa safra mas reclamam na queda do preço do grão.

Começou a colheita de arroz irrigado nas várzeas do Açude Orós, do Rio Jaguaribe e nas lagoas de Iguatu e Barro Alto, neste município e em Quixelô, na região Centro-Sul. Os agricultores trabalham em ritmo intenso e a maioria utiliza máquina colheitadeira para facilitar o serviço no campo. A Ematerce e o IBGE estimam uma área cultivada de dois mil hectares e uma produção de 120 mil toneladas.

As várzeas de Iguatu e de Quixelô são áreas propícias para o cultivo de arroz irrigado. Nos dois municípios, em terras banhadas pelo açude Orós, estão as maiores unidades produtoras do Ceará. O plantio começou nos meses de julho e agosto passados. Foram quatro meses de trabalho contínuo e agora o serviço é intensificado na colheita que deve prosseguir até o fim do ano.

Nesta época do ano, o verde do arrozal nas várzeas do Açude Orós contrasta com outras áreas do sertão cearense que está seco e as famílias enfrentam falta de água. Nas vazantes ou áreas irrigadas há trabalho e produção. É época de colheita. Nas roças, as máquinas trabalham sem parar e há sacos e montes de arroz em casca.

Queda de preço

O clima é de alegria entre os produtores rurais em face da elevada produção, mas há descontentamento por causa da queda no preço do produto verificado nos últimos dias. Mal começou a colheita, os empresários das indústrias de beneficiamento e os atravessadores locais reduziram o valor de compra do produto.

A saca de 60 quilos do arroz em casca era comercializada por R$ 45,00, mas nos últimos dias o preço baixou e agora está por R$ 38,00.

– Infelizmente isso é um problema que ocorre a cada safra – disse o agrônomo da Ematerce, Jaime Uchoa.

– Não há motivo para essa redução anunciada esta semana.

Além da queda do valor de venda, os produtores de arroz enfrentam elevado custo de produção. O preço do adubo químico não pára de subir a cada safra e a tarifa de energia elétrica para os irrigantes é considerada elevada. Esses são os dois principais insumos.

– O preço do arroz não acompanha o aumento do adubo e da energia – lamentou o agricultor, José Pereira Lima.

– A produção foi boa, mas o custo é alto.

O produtor rural, Marconi Chagas da Silva, cultivou três hectares de arroz, na localidade de Cajás, na zona rural de Iguatu. Essa área é o dobro do ano passado.

– Este ano está melhor porque o Açude Orós encheu e a água ficou próximo das nossas terras – disse.

– Não sei calcular, mas dessa região vai sair muito arroz.

Silva confirma que os produtores estão animados.

– A produção está boa, mas o preço começou a cair – disse.

O governo precisava comprar a nossa safra para segurar o preço. A maioria dos produtores de arroz defende a idéia de intervenção governamental no mercado local para segurar o preço do produto.

– O governo precisava entrar na compra – disse o agricultor Gildernando de Souza.

Neste ano, a quadra invernosa registrou elevadas chuvas que deixaram açudes e lagoas cheias. O Açude Orós transbordou e isso favoreceu centenas de produtores rurais em terras localizadas nos municípios de Iguatu e de Orós.

A proximidade das águas nas áreas de cultivo facilitou a produção, reduzindo o custo com bombeamento.

Na localidade de Lagoa Redonda, no município de Quixelô, o produtor rural, João Luís da Silva, está terminando a colheita de 60 toneladas de arroz.

– No ano passado, não plantei porque a água estava muito distante. Estou satisfeito porque a produção foi excelente – considera agora.

A novidade neste ano é o cultivo intenso no entorno da Lagoa de Iguatu, que, nos últimos anos, estava seca e não houve produção.

– Plantaram em todos os lados – disse o secretário de Agricultura de Iguatu, Valdeci Ferreira.

– Foram mais de 300 hectares cultivados.

Em relação a 2007, a Ematerce estima que houve um aumento de 60% da área de plantio.

Bons resultados

O agricultor José Pereira cultivou cinco hectares de arroz no entorno da lagoa de Barro Alto.

– Poderia ter plantado o dobro, mas tive dificuldades para encontrar trabalhadores.“Na próxima semana vou concluir a colheita – afirmou.

Antônio Duarte também produziu neste ano e está animado com os resultados. Alcançou uma produtividade média de seis quilos por hectare.

– Se não fossem as despesas elevadas, a produção de arroz deixaria uma renda bem melhor.

A conclusão da colheita ocorre até o fim do próximo mês. Os agricultores evitam o período de chuva que prejudica os grãos. Nas várzeas, o cultivo de arroz irrigado é feito durante o segundo semestre, a partir do mês de julho.

– No período chuvoso, não dá para plantar nessas áreas que podem ficar alagadas e encobertas – explica o agrônomo Jaime Uchoa.

– Não podemos prever a quantidade de chuva – explica ele.

No Açude Orós, por exemplo, a cada ano, há uma variação das áreas de cultivo. As terras que produziram no ano de 2007 agora estão encobertas por causa da cheia do reservatório. As áreas onde não foi possível fazer o cultivo porque a água estava muito distante para a irrigação, neste ano, tornaram-se verdadeiros celeiros para produção da cultura.

PRODUÇÃO

“Plantei 50 hectares de arroz e consegui uma produtividade boa, que chegou a 9 mil quilos por hectare”.
Francisco Pedro Alves
Produtor rural

“O trabalho é pesado e o lucro é pouco por causa do custo de produção que está alto”.
Antônio Alves Macedo
Produtor rural

“O governo deveria olhar para nós e manter o preço do arroz como estava há um mês”.
Miguel Serafim
Produtor rural

ESTIMATIVA
120 mil toneladas de arroz irrigado é a previsão de colheita feita pela Ematerce e IBGE para o cultivo em dois mil hectares de terras de município localizados no Centro-Sul do Estado do Ceará.

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