InfoArroz indica queda nos preços internacionais em novembro

Relatório mensal do socioeconomista Patrício Méndez del Villar, do Cirad francês, traça um perfil da comercialização de arroz em novembro nos principais mercados mundiais.

Em novembro, os preços mundiais caíram fortemente devido à oferta abundante. Exportadores asiáticos têm baixado seus preços para se desfazer dos estoques. A tendência baixista deve, entretanto, continuar durante algumas semanas.

De qualquer forma, apesar das projeções de uma elevada produção mundial, espera-se que o próximo ano seja mais tenso por causa do reaquecimento do consumo mundial do arroz. Os preços poderão, então, mudar de tendência nos próximos meses.

Em novembro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu 38 pontos para 229,7 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 267,7 pontos em outubro.

Produção e comércio mundiais

Em 2009, a produção mundial deverá alcançar um nível recorde de 675 milhões de toneladas de arroz em casca, ou seja 445,5 Mt de arroz branco. A maioria dos grandes produtores projetam crescimento da produção interna, exceto Vietnã e Miamar.

O comércio mundial em 2009 deverá ter ligeira alta de 30 Mt depois da queda de 5% em 2008 em função da disparada dos preços internacionais durante o primeiro semestre do ano. A recessão da economia mundial deve reativar o consumo de arroz em substituição ao de alimentos mais caros (carnes e verduras).

Os estoques mundiais no final de 2008 devem crescer 5% para 109 Mt contra 105 Mt em 2007. Em 2009, eles poderiam dar um novo salto para 115 Mt.

Mercado de exportação

Na Tailândia, os preços de exportação tiveram nova queda pressionados pela competição vietnamita. O governo tailandês também tenta vender uma parte de seus estoques, aumentando assim a tendência baixista. Apesar disto, os preços se mantêm altos em relação aos competidores, afetando as exportações em 2009, as quais podem cair aproximadamente 15%. Em novembro, o Tai 100%B marcou US$ 553/t Fob, contra US$ 639 em outubro. O quebrado A1 Super também baixou para US$ 375/t contra US$ 483/t.

No Vietnã, a atividade comercial foi extremamente agressiva. O governo projeta exportar cerca de 1,5 Mt daqui até o final de dezembro. Os preços vietnamitas estão baixos também porque a qualidade do arroz ofertado parece ser baixa. De fato, as exportações para a África têm aumentado, representando hoje seu terceiro mercado (20% das exportações vietnamitas) depois do Sudeste Asiático e Oriente Médio. Em novembro, o Viet 5% ficou em média a US$ 418/t contra US$ 481 em outubro. O Viet 25% ficou em US$ 319/t contra US$ 385.

No Paquistão, os preços também apresentaram novas baixas. O governo paquistanês anunciou a compra de quase 1 Mt de arroz em casca para sustentar os preços ao produtor. Os exportadores se opõem a esta intervenção estimando que reduzirá a competitividade frente aos outros exportadores asiáticos. Em novembro, o Pak 25% foi comercializado em média a US$ 389/t, contra US$ 454 em outubro.

Na Índia, o governo tenta baixar os impostos de exportação sobre o arroz aromático (Basmati) devido à queda dos preços e à forte competição paquistanesa. As medidas de veto às exportações de arroz branco poderiam ser parcialmente aliviadas para não perder mercados. Contudo, elas continuarão globalmente vigentes até abril de 2009.

Nos Estados Unidos, os preços de exportação caíram 9% apesar de um mercado externo mais ativo, com um aumento de 50% em relação ao mês passado. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros para janeiro se mantiveram com tendência baixista. Em novembro, o arroz longo Long Grain 2/4 caiu US$ 68 para US$ 689/t contra US$ 756/t em outubro.

No Mercosul, os preços de exportação baixaram novamente 8% em novembro. Nos Mercados internos, os preços do arroz em casca também caíram devido à escassa demanda da indústria. No Brasil, as exportações de arroz parboilizado crescem, sobretudo em direção à Nigéria, um dos principais mercados de arroz parboilizado e o primeiro importador africano.

Na África, o nível de importação deveria se manter alto em 2009, apesar do incremento esperado da produção arrozeira. A queda dos preços mundiais tem conferido competitividade aos arrozes asiáticos frente ao arroz local. Os países africanos se mostram interessados pelo arroz de origem vietnamita e paquistanesa.

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