Produtividade do arroz esbarra na tecnologia
Alta do custo de produção interfere no resultado da lavoura gaúcha de arroz, que aplicou menos insumos.
Com a proximidade do período de colheita da safra de arroz começa a se confirmar a expectativa de que o aumento dos preços dos fertilizantes terá reflexos no rendimento das lavouras no Rio Grande do Sul. Os primeiros levantamentos indicam que a produtividade do cereal deverá se manter nos mesmos patamares de 2008, não ultrapassando os 7 mil quilos por hectare.
– A produtividade será a mesma, mas a produção será maior, em função do aumento da área plantada – avaliou o presidente da Comissão de Arroz da Farsul, Francisco Schardong.
Na safra 2008/2009 foram cultivados 1,1 milhão de hectares contra 1,03 milhão de hectares no período 2007/2008. Para Schardong, a redução do emprego de tecnologia – leia-se insumos em geral – é o principal fator que impedirá o crescimento da produtividade nesta safra. De acordo com levantamento do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), o custo de produção de uma saca de 50 kg de arroz foi de R$ 33,07 em novembro passado, contra R$ 26,28 em novembro de 2007.
O clima seco em algumas regiões produtoras também influi negativamente no desenvolvimento da lavoura, e deve resultar no menor volume de grãos colhidos por hectare. Apesar dos prognósticos, é grande a expectativa da Farsul em relação à qualidade do cereal que começa a ser colhido no final deste mês.
– Nesse quesito, o arroz deve estar cada vez melhor – diz Schardong.
Sobre a comercialização, o dirigente espera que até a colheita se mantenha o preço médio do produto em R$ 32,27 a saca de 50 kg e que o volume de exportação do cereal se conserve, neste ano, nas 700 mil toneladas que foram enviadas ao exterior em 2008.
– Estamos confiantes, porque a crise não afetou diretamente o setor de alimentos em especial o arroz, sempre procurado pelos consumidores.
Segundo o informe conjuntural da Emater-RS, a cultura, de modo geral, se desenvolve satisfatoriamente e o clima dos últimos dias vem favorecendo as lavouras e colaborado na reposição da água dos mananciais. A safra, que se encontra adiantada em relação à média histórica, na semana passada alcançou em torno de 43% das lavouras em desenvolvimento vegetativo, 53% nas fases de floração e enchimento de grãos e 4% já estão prontas para serem colhidas.
O chefe da seção de política setorial do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Vitor Hugo Kaiser, diz que a colheita já se iniciou de forma incipiente nos municípios de Agudo, Alegrete e General Câmara, onde já foram colhidos 54 hectares.
Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgados na semana passada, indicam que o arroz gaúcho deve ter um incremento de 3,3% em produção, com a previsão de colheita estimada em 7,6 milhões de toneladas.
Agricultor reduz área plantada para amenizar custos de produção
Driblar os custos de produção sem diminuir o aporte de tecnologia é possível. Foi o que fez o arrozeiro Pedro de Monteiro Lopes, que decidiu pela redução da área cultivada com arroz.
– Reduzimos um pouco para alcançar boa produtividade e também diminuir os custos com energia na captação de água – explicou o titular do Grupo Pitangueira, de Itaqui.
Lopes acredita que terá uma boa colheita, mas não esconde a preocupação com as variações climáticas que têm afetado a região.
– Nesses anos todos que me dedico à orizicultura, nunca vi tanta instabilidade, com vendavais e chuvas de granizo, o que me deixa apreensivo – confessou.
O proprietário da Pitangueira se mostra insatisfeito com o crescente incentivo do governo federal em termos de financiamento de máquinas agrícolas.
Não adianta o governo favorecer os financiamentos se não colabora na rentabilidade do produtor. É uma atitude que conduz a uma situação deficitária – lamentou.
Brasil poderá exportar frango diretamente para a China
Em meio aos temores de queda no consumo mundial como reflexo da crise financeira internacional, os exportadores brasileiros de frango receberam uma boa notícia. O Ministério da Agricultura informou que o governo da China divulgou relação de 22 abatedouros de frango habilitados para vender ao país asiático. A medida foi publicada em circular da Administração Geral de Quarentena, Supervisão e Inspeção (AQSIQ, na sigla em inglês), pelo serviço veterinário chinês.
A exportação brasileira de carne de frango para a China ocorre atualmente por meio de Hong Kong. Com o acordo firmado entre Brasil e o serviço veterinário chinês, os exportadores brasileiros poderão fazer a entrega do produto diretamente em portos da China continental. Estima-se que, inicialmente, o potencial de exportação seja da ordem de 100 mil toneladas por ano.
O secretário de Defesa Sanitária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz, comemorou a medida.
– Esta é a última etapa dos entendimentos, na área sanitária, para o restabelecimento do comércio de carne de frango in natura com a China – disse.