Modelo atual de crédito agrícola precisa ser repensado
Superintendente regional do Banco do Brasil aborda defasagem da política agrícola no País durante a 19a Abertura da Colheita.
As bases da política agrícola no país, estabelecidas nas décadas de 1960 e 1970, estão defasadas. A análise é do superintendente Estadual do Banco do Brasil, Ary Joel de Abreu Lanzarin, que apresentou o painel Crédito Rural no Brasil Presente e Futuro, nesta quinta-feira, dia 6 de março, durante a 19ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz. Lanzarin, que substituiu o vice-presidente de Agronegócios do BB/DF, Luis Carlos Guedes Pinto, convidado inicialmente para o evento, defendeu a necessidade de se fazer uma reengenharia no atual modelo brasileiro de crédito agrícola.
Com base na premissa de que a atividade agrícola rural é variável, o palestrante analisou aspectos como a dependência de fatores climáticos, a assimetria das informações que fundamentam a decisão de plantio (garantia de preço de mercado, crises, planos econômicos, pragas e doenças na lavoura, riscos de crédito etc) e a evolução de mecanismos de crédito, como Proagro, PGM e Crédito Rural bancário e comercial.
– É em função dessa volatividade que há necessidade de uma nova política para o setor – observou.
De acordo com o superintendente regional do BB, o que mudou realmente é que antes os recursos para esta finalidade eram públicos e agora são do mercado.
– O Crédito rural tornou-se bancário e o atual modelo não é atraente para o agente financeiro devido ao seu alto custo operacional e a dependência das decisões do governo – observou.
A boa notícia, segundo Lanzarin, é que está sendo formado um grupo constituído pelo governo federal, lideranças do setor e entidades representativas do agronegócio para rediscutir este modelo e buscar alternativas compatíveis com a realidade atual da agricultura brasileira. Ele explicou que entre as idéias a serem discutidas está a criação de um modelo de crédito rotativo, que seja renovável para o conjunto de empreendimentos da propriedade.
Outras sugestões a serem avaliadas são a fixação de taxas estabelecidas de acordo com o risco da operação, a concepção de um Plano Safra que seja plurianual, políticas públicas diferenciadas em função do perfil dos produtores rurais e ou segmentos/cadeias produtivas, além do incremento do desenvolvimento do seguro rural.