Preços mundiais começam a baixar
Preços mundiais se mantiveram firmes em fevereiro, mas em março iniciaram uma curva descendente, segundo o especialista em mercado mundial Patrício Méndez del Villar, do Cirad francês.
Em fevereiro, os preços mundiais se mantiveram globalmente firmes. Todavia, no início de março, os preços começaram a baixar sob influência da nova oferta asiática, que está chegando ao mercado. As boas colheitas se confirmam e a demanda de importação nas regiões do Sudeste Asiático deve ser menor este ano, assim como na África Subsahariana.
As importações do Oriente Médio e da América Latina, ao contrário, devem aumentar em função dos preços mundiais mais atrativos. Em fevereiro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) subiu 2,9 pontos para 235,4 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 232,5 pontos em janeiro. No início de março, o índice marcava 231,5 pontos.
Produção e Comércio Mundiais
Em 2009, segundo estimativas da FAO, a produção mundial pode atingir um nível histórico de 683 milhões de toneladas de arroz em casca (456Mt de arroz branco), um incremento de 3,5%, a taxa anual mais forte desde 2005. O salto dos preços mundiais em 2008 e as medidas públicas de incentivo tiveram um impacto positivo sobre o crescimento das áreas arrozeiras, que aumentaram 2,2% para 159 milhões de hectares. Os rendimentos médios, por sua vez, aumentaram 1,3% para 4,3 t/ha e, isto, apesar do custo energético e dos insumos elevados.
O comércio mundial deve crescer para 31Mt depois da queda de 5% em 2008. As incertezas que pesam sobre a economia mundial e a falta de confiança na situação financeira dos potenciais compradores tende a reativar os contratos públicos de governo para governo. Os estoques mundiais no fim de 2009 foram revisados para 118MT contra 109Mt em 2008, alta de 6%. Essas reservas representam 25,8% das necessidades mundiais contra 24,4% em 2008.
Mercado de exportação
Na Tailândia, os preços de exportação subiram até meados de fevereiro graças a uma significativa demanda externa. No final de fevereiro, as exportações começaram a declinar devido a preços muito altos em relação aos competidores asiáticos. As perspectivas de exportação tailandesas em 2009 indicam uma queda de 10 a 15% comparada ao nível recorde de 2008. Frente a recessão do mercado mundial, o governo tailandês busca mais uma vez coordenar sua política comercial com o Vietnã para regular os fluxos de exportação e estabilizar os preços mundiais. Em fevereiro, o Thai 100% B marcou US$ 581/t Fob contra US$ 575 em janeiro. O arroz quebrado A1 Super subiu para US$ 345/t contra US$ 339/t.
No Vietnã, os preços de exportação subiram entre 5% e 6% em relação a janeiro graças ao anuncio de novos contratos firmados com as Filipinas, seu principal cliente, com mais de um terço das exportações vietnamitas em 2008. Apesar dos preços sustentados, as exportações aumentam fortemente alcançando, nos primeiros dois meses do ano, cerca de 1,8 milhão de t. Em fevereiro, o Viet 5% marcou uma média de US$ 423/t contra US$ 398/t em janeiro. O Viet 25% subiu para US$ 346/t contra US$ 329.
No Paquistão, os preços subiram de 3% a 4%. O comércio externo teve uma forte retração em 2008, demais de 50%, em virtude das limitações de exportação impostas pelo governo. Em fevereiro, o Pak25% marcou US$ 353/t contra US$ 340/t em janeiro.
Na Índia, as disponibilidades arrozeiras podem aumentar 15% em 2009, graças ao crescimento da produção nacional. As medidas de restrição de exportação, ainda vigentes, pesaram sobre as vendas externas, que podem cair mais uma vez para 2,3Mt. As restrições para os arrozes não aromáticos (Basmati) devem ser progressivamente suspensas a partir de abril próximo.
Nos Estados Unidos, os preços continuam em queda, tendo recuado 6% em um mês. Graças aos preços mais competitivos, a demanda externa de arroz norteamericano se reativou, sobretudo na América Latina. Em fevereiro, o arroz Long Grain 2/4 caiu US$ 35 para US$ 581/t contra US$ 616 em janeiro. No início de março, o arroz americano marcava US$ 530, ou US$ 45 a menos que o preço de referência tailandês.
No Mercosul, os preços de exportação subiram levemente 1% em relação a janeiro. Os preços podem se manter firmes nas próximas semanas se as previsões da colheita 2009 confirmarem os resultados medíocres esperados nas regiões temperadas do Cone Sul.
Na África, com a excelente colheita 2008, ligada à revalorização do preço pago ao produtor e outras medidas de incentivo, espera-se que as exportações caiam 3% em 2009, alcançando 9,3 milhões de t. Ainda assim, a África Subsahariana continuará sendo a maior região deficitária do mundo.