Preço em assentamento atraiu produtores de SC

Os assentados gaúchos estavam arrendando terra para arroz por 12 sacas por hectare (hoje são 25).

Os arrozeiros catarinenses que plantam ilegalmente nos assentamentos da Região Metropolitana de Porto Alegre são financiados por moinhos de beneficiamento de arroz das cidades do sul de Santa Catarina.

O arrendatário tem acesso ao dinheiro para comprar máquinas, sementes, combustível e até para construir residências com facilidade. Mas todos os riscos ficam por conta dele. O nome do financiador não aparece na operação.

No dia 7, Zero Hora conversou com um financiador de arrendatário clandestino. Ele falou mediante compromisso de que seu nome não fosse divulgado. Contou que os catarinenses iniciaram a migração para a Região Metropolitana no final dos anos 90. Na época, o preço do arrendamento do hectare para plantar arroz no território catarinense era de 30 sacas por hectare (hoje é de 45). Nas terras gaúchas, era de 20 (atualmente é de 30), o que explica a debandada rumo ao Rio Grande do Sul. Os assentados gaúchos estavam arrendando terra para arroz por 12 sacas por hectare (hoje são 25).

– Houve o interesse dos beneficiadores de arroz de financiarem a migração, para ter acesso a produto com menor preço. O financiamento é fundamental, porque os produtores são filhos de pequenos granjeiros, que não têm capital – informou o financiador.

Nos primeiros anos, os migrantes arrendavam terras na Região Metropolitana.

– O preço baixo dos arrendamentos em assentamentos provocou a vinda de uma enxurrada de gente. A tal ponto que hoje são mais de 2 mil famílias vivendo de arrendamentos, uma boa parte em áreas do Incra – diz o plantador.

Com o tempo, os arrendatários catarinenses foram “pegando o jeito” do negócio. O trato sempre era feito com o líder do assentamento, que ganhava uma fatia dos ganhos dos assentados. O principal alvo deles é o assentado arregimentado pelo MST nas vilas, descrito pelo financiador como uma pessoa mais interessada no lucro imediato do que nas questões políticas defendidas pelo movimento.

No ano passado, a grande procura de terras para arrendar mudou o acordo entre arrendatário e dono do lote: agora o assentado exige adiantado o valor do arrendamento, que subiu de 12 sacas por hectare para 25.

– Por não ser agricultor, este pessoal assentado não produz. Então, ao arrendar as terras deles, estamos prestando um serviço social para o governo, porque o mantemos na terra e não nas vilas – diz o financiador.

Pode até ser do desconhecimento do arrendatário que é proibido arrendar terras nos assentamentos. Mas os financiadores sempre tiveram conhecimento que estavam financiando uma operação ilegal. Tanto que o nome delas não aparece e os riscos ficam por conta do arrendatário.

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