O retorno da orizicultura
O editorial do Jornal Diário Popular, de Pelotas, aborda a importância da orizicultura para a Zona Sul gaúcha.
A principal riqueza agrícola do Sul do Estado e base de uma das mais importantes indústrias de alimentos de Pelotas, cuja comercialização abrange todo o país, está prestes a voltar ao centro das atenções com o início do plantio da safra 2009/2010. A orizicultura é uma das grandes atividades agrícolas do Rio Grande do Sul e corresponde a 50% da produção nacional. Por isso as perspectivas quanto à cadeia produtiva, do cultivo à comercialização, têm muita importância, em especial para a região, que começa a plantar em outubro.
O governo gaúcho tem se esforçado para estimular a competitividade do cereal. Na atual gestão foram criados os armazéns do produtor em diversos pontos do Estado, liberados recursos para a ampliação e reforma da sede principal do Irga e repassados ao setor os antigos armazéns da Cesa no Porto rio-grandino, de forma que o embarque da commodity deixasse de ocorrer exclusivamente em um único dia da semana.
Logo, o atendimento às reivindicações das entidades que representam arrozeiros, a criação de mecanismos para proteção do produto contra a concorrência do cereal cultivado em outros estados e no Uruguai e Argentina, além de incentivo à exportação de arroz para países fora do Mercosul demonstram essa atenção por parte do Estado.
O debate, agora, na abertura da safra, sobre cultivo e comercialização do cereal e tributação da cadeia produtiva, é necessário para que os produtores tenham sua rentabilidade assegurada e que o mercado nacional seja abastecido sem necessidade de importação. Analistas constatam que atualmente, embora os preços do arroz tenham enfrentado queda, a tendência é de recuperação.
De acordo com o Irga, a média do arroz gaúcho em casca está em R$ 28,18, valor que supera a maior alta registrada este ano, em julho. Nos últimos 30 dias, a elevação já acumula 5,4%. A mudança de cenário é viabilizada pelo ajuste de oferta e demanda, do volume alcançado pelas exportações no primeiro semestre e dos reflexos positivos gerados pelos leilões realizados pelo governo federal que, diante dos estoques dos produtores, deve promover novas vendas do gênero.
A gestão correta da oferta pelo arrozeiro também é apontada como um fator determinante para esse aumento gradual. Além disso, o cereal gaúcho ganhou mais fatias do mercado externo nas duas últimas safras e o setor orizícola tem se empenhado em aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do grão, com utilização de novas tecnologias e cultivares.
Fica claro então que o segmento procura sempre apresentar soluções mercadológicas para suas questões, assim como o Estado, que também tem aumentado sua participação nas relações de vendas ao mercado interno e externo. Resta, no entanto, aos arrozeiros gaúchos, receber mais apoio da esfera federal, de forma que o segmento atinja um pleno estágio de desenvolvimento, tal qual merece.