Governo tem mais arroz do que os estoques finais desta safra

Como os estoques físicos do governo passam a totalizar 1,038 milhão de toneladas e os estoques finais desta safra estão estimados em 815,7 mil toneladas, caso o governo não devolva parte das reservas públicas ao mercado ainda nesta entressafra, as estimativas de oferta e demanda em 2008/2009 estariam, lamentavelmente, erradas novamente, diz o consultor Carlos Cogo.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ofertou Contratos de Opção que permitiriam a venda de 878,5 mil toneladas de arroz para os estoques do governo, sendo 794,1 mil toneladas para produtores e cooperativas do Rio Grande do Sul e 83,9 mil toneladas de Santa Catarina. Deste volume, no primeiro estado houve demanda para 634,0 mil toneladas (80% do total) e, no segundo, para 19,5 mil toneladas (23% do total).

A demanda somada desses dois estados do país atingiu 653,5 mil toneladas. Deste total, o governo confirmou o exercício de Opções para 366,1 mil toneladas nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Com o incremento de mais 366,1 mil toneladas, os estoques públicos de arroz passam de 672,3 mil toneladas, para 1,038 milhão de toneladas.

Esse volume é superior ao estoque de passagem total (público + privado) de arroz projetado para o fim deste ano-safra 2008/2009 em 815,7 mil toneladas.

Dessa forma, podemos depreender que: ou o governo terá que liberar parte dos estoques públicos no mercado ainda nesta entressafra 2008/2009 ou (novamente) os dados de Oferta e Demanda de arroz da Conab estão equivocados.

Se os estoques finais da atual safra 2008/2009 são, realmente, de 815,7 mil toneladas, os estoques públicos atuais (1,038 milhão de toneladas) não podem ser completamente mantidos até a próxima safra 2009/2010, pois superam em 222,3 mil toneladas os estoques de passagem projetados pela própria Conab.

Considerando que as projeções de oferta e demanda da Conab estejam certos, os estoques livres de arroz vão se esgotar antes do final da corrente entressafra 2008/2009. Esse cenário levaria, fatalmente, os preços a uma tendência de alta significativa até o ingresso da nova safra (2009/2010). Como os estoques físicos do governo passam a totalizar 1,038 milhão de toneladas e os estoques finais desta safra estão estimados em 815,7 mil toneladas, caso o governo não devolva parte das reservas públicas ao mercado ainda nesta entressafra, as estimativas de oferta e demanda em 2008/2009 estariam, lamentavelmente, erradas, novamente.

Somente com um volume mais expressivo de importações (acima do estimado pela Conab atualmente) ou algum ajuste no quadro de suprimento (consumo menor, exportações menores, por exemplo) permitiriam alinhar as projeções de estoques finais aos atuais estoques de arroz em poder do governo.

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