Exportação em alta e importação em baixa no longo prazo

A quebra na safra mundial de arroz 2009/2010 deve ser ampliada e será melhor conhecida nas próximas semanas, com redução na produção de países asiáticos, decorrente de estiagem e desastres climáticos.

Mesmo com o dólar em forte baixa nos últimos meses, as exportações brasileiras de arroz podem tomar novo fôlego, com uma iminente retomada da tendência de alta dos preços internacionais. Por outro lado, as importações devem ficar dificultadas, com a menor produção esperada de arroz no Mercosul em 2009/2010 e maior volume de vendas externas de países como o Uruguai e a Argentina para terceiros mercados.

A quebra na safra mundial de arroz 2009/2010 deve ser ampliada e será melhor conhecida nas próximas semanas, com redução na produção de países asiáticos, decorrente de estiagem e desastres climáticos. Para o ciclo 2009/2010, a estimativa atual é de uma produção mundial de arroz (beneficiado) de 433,65 milhões de toneladas. A produção mundial deve recuar 2,7% em relação as 445,67 milhões de toneladas (beneficiadas) na safra 2008/2009.

O consumo mundial está estimado em 438,46 milhões de toneladas no ciclo 2009/2010, 0,7% acima do registrado em 2008/2009, de 435,34 milhões de toneladas (beneficiadas). Com isso, os estoques finais mundiais de arroz em 2009/2010 recuarão para 85,90 milhões de toneladas (beneficiadas), 5,0% abaixo dos estoques finais mundiais da safra passada (2008/2009), de 90,71 milhões de toneladas.

A relação entre estoques finais mundiais de arroz e a demanda mundial em 2009/2010 recuará para 19,6%, contra 20,8% registrados na safra passada (2008/2009).

A Índia já havia notificado a forte quebra da safra 2009/2010. As Filipinas já fizeram encomendas para 2010 após as perdas robustas nas lavouras com a passagem de ciclones no mês passado, antecipando-se à guinada nos preços que se desenha. Segundo maior produtor mundial, a Índia também anunciou que planeja importar até 3,0 milhões de toneladas de arroz em 2010. A produção do país deve recuar em 18%, para 81,0 milhões de toneladas, no ano fiscal iniciado em 1º de outubro, valor inferior à demanda prevista de 89,0 milhões de toneladas.

O governo não pode ter estoques baixos no caso de mais seca ou enchentes prejudicarem a lavoura. Se confirmada a importação, será a primeira vez que a Índia efetuará compras externas, desde 2006. Esse retorno também puxaria os preços do arroz da Tailândia, uma referência regional, em pelo menos 25% em relação aos níveis atuais. Isso tornará mais cara a importação de arroz, tanto de terceiros mercados, como dos próprios países vizinhos do Mercosul que exportam ao Brasil, já que os mesmos são players mundiais importantes que podem abastecer outras regiões.

As exportações brasileiras de arroz, desestimuladas nas últimas semanas pela apreciação do Real, devem ganhar força no médio e longo prazo. Entre março e setembro, as exportações brasileiras de arroz atingiram 622 mil toneladas e as importações, 598 mil toneladas. Atualmente, os preços médios de exportação no Brasil são de US$ 527 a tonelada de arroz beneficiado, de US$ 280 a tonelada de quebrados de arroz.

O preço médio das importações brasileiras é de US$ 286 a tonelada de arroz em casca e US$ 485 a tonelada de arroz beneficiado Tipo 1, FOB fronteira brasileira, para o produto originado na Argentina, e de US$ 285 a tonelada de arroz em casca e US$ 484 a tonelada de arroz beneficiado Tipo 1, FOB fronteira brasileira, para o produto originado no Uruguai. Uma demanda importadora mais aquecida nos países asiáticos abriria mais espaços para o Brasil nos destinos de exportação da África e outros países atendidos por Tailândia, Vietnã, Paquistão e, em anos anteriores, pela Índia.

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