Conab projeta recuo na rentabilidade agrícola

No caso do arroz, a oferta mais ajustada à demanda – entre outros fatores – fazem crer que em 2010 os preços devem se estabelecer em patamares próximos aos que estão sendo observados em 2009.

A Companhia Nacional de Abastecimento divulgou nesta quinta-feira estudo de prospecção de mercado para a safra 2009/2010, em fase de plantio. Segundo o documento, a safra está sendo implantada em um momento de preços mais baixos para a maioria das commodities agrícolas e de câmbio valorizado, o que reduz a competitividade das exportações brasileiras. No entanto, os insumos, sobretudo fertilizantes, estão mais baratos, o que se refletirá em um menor custo de produção.

O documento analisa os cenários para os principais produtos do agronegócio, como algodão, açúcar/álcool, café, feijão, leite, milho, soja e trigo, ressalvando que devem ser considerados possíveis contratempos com o clima, os movimentos especulativos com as commodities e as variações de oferta e demanda ao longo do ano.

No caso da soja, a Conab diz que, apesar do aumento da oferta mundial em 2009/2010, as expectativas de crescimento no consumo mundial e da recomposição nos níveis dos estoques devem mitigar os efeitos negativos nos preços. “A demanda interna por biodiesel tende a aumentar, em função da definição da política pública de busca de fontes alternativas de energia, o que inclui o aumento gradual do consumo de biodiesel, onde a soja constitui-se a principal fonte. Gradualmente vai se desenhando um quadro de maior normalidade de oferta do crédito, indicando que o pior momento já passou.”

A produção de cana-de-açúcar deve ter como estímulo o déficit entre a produção e o consumo mundial de açúcar, a expectativa de retomada de crescimento da economia dos principais países importadores de etanol e o mercado doméstico do combustível, onde 90% das vendas de veículos leves são de carros flex. “O cenário que se vislumbra é de um mercado praticamente garantido para o açúcar e, caso tal premissa se confirme, certamente os preços poderão continuar remuneradores.”

No caso do álcool, se a economia mundial retomar o seu crescimento, o mercado externo demandará mais produto brasileiro para atender a projetos de energia mais limpa, informa a Conab.

A estatal reafirma a tendência de retração da área plantada com milho em 2009/2010, em decorrência dos preços mais baixos, dólar desvalorizado e dos altos estoques. A área deve cair em torno de 6% a 8% em relação à safra 2008/2009, diz. “Mas não necessariamente reflete-se em queda de produção, uma vez que a safra anterior teve uma significativa queda, devido a fatores climáticos.”

No caso do arroz, a oferta mais ajustada à demanda – com um volume de estoque de passagem bem menor -, a liberação de recursos para operações de formação de estoques público já no momento da colheita e preços internacionais elevados e estáveis fazem crer que em 2010 os preços devem se estabelecer em patamares próximos aos que estão sendo observados em 2009. A lavoura de arroz vem crescendo em produtividade, embora a expansão da área esteja encontrando dificuldades pelos mananciais suscetíveis a tomadas de água ou derivações para utilização na irrigação, uma vez que a maior parcela da produção vem do arroz irrigado.

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