Clima atrasa plantio de arroz no RS e ajuda safra em SC

O Rio Grande do Sul dispõe de estoques privados estimados em 2,1 milhões de toneladas pelo Irga para abastecer o mercado até a chegada da próxima safra, em fevereiro.

As frequentes chuvas no mês de novembro voltaram a provocar atraso no plantio de arroz no Rio Grande do Sul, que representa 61% da produção nacional do grão. O cultivo chegou nesta semana a 69,2% da área estimada, quando no ano passado estava em 93,5% na mesma época, segundo levantamento do Instituto Riograndense do Arroz (Irga).

A parcela de arroz que ainda não foi plantada (321 mil hectares) será semeada fora do período ideal, que já terminou. O órgão fez um leve ajuste para menos na previsão de plantio, que passou de 1,092 para 1,056 milhão de hectares.

Em situação diferente, o plantio em Santa Catarina, o segundo principal produtor, alcançou quase 95% do esperado (149 mil ha) e o trabalho deve terminar até o final do mês, dentro do período recomendado, informa o analista de mercado do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) Luiz Marcelino Vieira.

Juntos, RS e SC respondem por 70% da safra brasileira. O clima tem ajudado o arroz catarinense. Embora o Estado tenha sofrido ontem com fortes ventos, o arroz ainda está em fase inicial de desenvolvimento, lembra Vieira. Por isso, a expectativa é de que o vendaval não tenha causado estragos à cultura.

Em Pelotas, no sul gaúcho, onde fica uma importante região produtora, a chuva acumulada em novembro foi de 328 milímetros, 242% acima da média deste período. Em Dom Pedrito, no sudoeste, houve uma inversão do quadro. A região sofria falta de chuvas há 15 dias e agora há excesso. Ontem, três açudes romperam no município, relata o presidente da Conmasur, entidade que reúne as indústrias de arroz de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, Valdomir Coradini, diretor do Engenho Coradini.

Reunida na semana passada, a Conmasur avaliou a perspectiva de mercado e a próxima colheita na região. A previsão do setor é de que Argentina e Uruguai repitam a produção de 1,230 e 1,270 milhão de t, respectivamente. Para o período que resta da safra atual, o Uruguai ainda contaria com 160 mil t para exportar a países fora do bloco e 110 mil t para vender ao Brasil, antes da chegada da colheita 2009/10. A Conab prevê importação total de 900 mil t pelo Brasil na safra atual.

O Rio Grande do Sul dispõe de estoques privados estimados em 2,1 milhões de toneladas pelo Irga para abastecer o mercado até a chegada da próxima safra, em fevereiro. O órgão considera o volume praticamente ajustado à necessidade e equivalente ao que foi beneficiado entre novembro e fevereiro da safra passada. Entre março e outubro de 2009, foram beneficiadas em média 583 mil t por mês no Estado, destinadas à exportação e ao mercado interno.

“Temos estoques suficientes até a entrada da próxima safra”, calcula o diretor responsável pelo departamento de arroz na trading Novel Commodities, Júlio Tonidandel. Em sua avaliação, o Brasil terá uma safra boa – estimada em 12,1 milhões de t pela Conab. O câmbio pode atrapalhar os planos de exportação em 2010. Ele considera que as chances de exportação até a próxima safra serão mais significativas em janeiro e fevereiro, por conta de sobras do ciclo atual que não foram negociadas no segundo semestre. A Conab calcula em 980 mil t o estoque final da safra 2008/09.

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