Safra gaúcha pode ter quebra de quatro milhões de toneladas

Farsul calcula prejuízos de R$ 2,5 bilhões em função das chuvas.

O estrago que as chuvas causaram nas lavouras gaúchas será responsável por uma quebra de safra que pode chegar a 4 milhões de toneladas, ou seja, uma redução de 22 milhões de toneladas para 18 milhões de toneladas de grãos produzidos no Rio Grande do Sul entre o arroz, o milho e o trigo.

A situação do arroz é a mais grave, pois a expectativa inicial de produção de cerca de 8 milhões de toneladas para a safra 2009/2010 pode se limitar a cerca de 5 milhões de toneladas, caso o clima permaneça chuvoso e o solo inundado. O último levantamento do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) mostra que a área plantada atinge 69,33% ou 732,4 mil hectares, apresentando pouca evolução em relação ao percentual semeado na segunda quinzena de novembro, quando os números foram de 69,21%.

Em 2008, no mesmo período, já tinham sido plantados 93,5% da área ou o correspondente a 1,033 mil hectares, ou seja, mais de 300 mil hectares do que a atual safra.

Os dados sobre as expectativas quanto à quebra de safra foram divulgados ontem, durante o balanço de final de ano da Farsul. Os prejuízos totais em grãos e pecuária leiteira podem gerar perdas financeiras de R$ 2,5 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão só no arroz.

O presidente da comissão de grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, disse que os prejuízos também são contabilizados no milho, cuja redução de área chega a 20% no Estado, e no trigo, com previsão de quebra de 300 mil toneladas. Como forma de diminuir a apreensão dos produtores, foi aprovada a prorrogação do prazo previsto no zoneamento agroclimático, que se encerraria no dia 10 de dezembro e que será estendido até o dia 20 deste mês.

A intenção é evitar que as culturas fiquem descobertas de seguro. “Trata-se de um paliativo, mas que vem em boa hora”, afirmou o presidente da Farsul, Carlos Sperotto.

Ao avaliar a conjuntura nacional e os principais setores do setor agropecuário gaúcho, o presidente foi incisivo ao falar sobre os índices de produtividade. “É ridículo instituir esses índices. É um new type de reforma agrária e nos negamos a discutir esse assunto, que é imoral.” Sobre o posicionamento do setor pecuário frente ao mercado internacional, o presidente lamentou a dificuldade de exportar para a União Europeia, em função do pequeno número de propriedades habilitadas. “São apenas 1,7 mil fazendas em todo o Brasil, quando o ideal seria que mais de 20 mil estivessem enquadradas.”

Em relação à soja, o dirigente acredita que a oleaginosa não terá preços muito altos, o que pode ser compensado em termos de rentabilidade. “Houve uma redução nos custos de produção pela queda dos preços dos fertilizantes.”

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter