Alimentos: demanda interna deve seguir aquecida em 2010

A estimativa é de que as vendas reais nos supermercados, descontada a inflação, cresçam até 10% em 2010, frente a uma expansão de 8% deste ano.

As vendas de produtos alimentícios no País devem manter ao longo de 2010 um ritmo de crescimento similar ao observado em 2009, em que o setor se destacou por estar entre os mais resistentes aos efeitos da crise econômica internacional. A perspectiva de continuidade do crescimento da renda e do emprego vai garantir a expansão das vendas dos supermercados.

Nem mesmo o avanço do crédito, que deve continuar estimulando o consumo de bens duráveis, deverá reduzir o peso dos alimentos na cesta de compras. Em 2010 haverá espaço para todas as categorias de produtos no bolso dos consumidores. A massa salarial deve apresentar um crescimento de 4,8% no próximo ano, praticamente em linha com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que deverá avançar entre 5,1% e 5,8%.

Caso as estimativas de aumento na renda sejam confirmadas, a expansão do crédito para pessoa física será razoavelmente compatível com o crescimento da massa de rendimentos. Mesmo com a maior concorrência dos bens duráveis, o crescimento da renda deverá manter a demanda aquecida nos supermercados. O consumidor vai manter o padrão de compras de alimentos, higiene e limpeza, assim como adquirir eletrodomésticos e outros bens.

A estimativa é de que as vendas reais nos supermercados, descontada a inflação, cresçam até 10% em 2010, frente a uma expansão de 8% deste ano. Como os recursos disponíveis para o consumo devem aumentar em 2010, os supermercados terão um excelente ano, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Mesmo com a crise, o setor encerrou o ano de 2009 com um crescimento real acima de 5%, ritmo que deverá ser superado em 2010. Os programas de distribuição de renda e a ampliação do crédito estão proporcionando aos supermercados crescerem a taxas superiores ao PIB.

A perspectiva de estabilização nos preços dos alimentos é outro fator que deverá garantir o avanço das vendas do setor. Com as commodities agrícolas estáveis e o dólar desvalorizado, cai a pressão sobre os preços internos e sobre insumos como soja e milho, que abastecem a cadeia alimentar.

De modo geral, não há perspectiva de aumento significativo dos preços dos alimentos em 2010. Embora com exceções, como deve ser o caso do arroz, cujos preços devem subir. Os preços podem apresentar alguma reação somente no segundo semestre, quando é aguardada uma retomada mais significativa da demanda externa, principalmente dos países desenvolvidos, que mais sofreram os efeitos da crise internacional.

A concorrência entre as maiores redes de supermercados, como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart, também contribui para segurar os preços. Na disputa pelo consumidor, as redes vêm reduzindo o preço na ponta, mesmo que isso resulte em retração em suas margens.

Sem uma perspectiva de quebra de safra e com o varejo disputando o consumidor pelo preço mais baixo, a indústria deverá retomar seu ritmo de crescimento pré-crise, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia). Segundo a entidade, a produção física deverá avançar até 4,5% em 2010, após um crescimento próximo a 1% este ano.

A projeção é de uma expansão entre 8,0% e 8,5% das vendas dos hiper e supermercados no próximo ano, frente a uma alta de 7,5% em 2009. Apesar de apresentar um crescimento superior ao PIB, o desempenho dos produtos alimentícios deve ficar atrás do comportamento de produtos que têm formas de pagamento mais atreladas ao crédito.

Os bens duráveis terão um papel mais relevante nas vendas do varejo em 2010. Se para o varejo as vendas de produtos alimentícios têm um papel fundamental para o crescimento dos supermercados, para a indústria, o bom desempenho no mercado doméstico será essencial para garantir crescimento da receita, uma vez que a demanda externa está demorando mais tempo do que o previsto inicialmente para apresentar uma retomada.

O mercado interno tem mostrado força.

O crescimento do emprego e renda garante um amplo potencial de crescimento para o consumo per capita de carnes. O consumo de carne processada no Brasil é de 100 quilos por ano, contra 123 quilos anuais no México, 386 quilos nos Estados Unidos e de 623 quilos no Reino Unido. E o Brasil tem um amplo portfólio, com marcas fortes que atingem todas as classes sociais, para aproveitar esse potencial. Em ano eleitoral, o nível de atividade fica mais acelerado, há mais emprego e, logo, mais consumo.

A classe C mais uma vez deve estar no centro das atenções, sendo disputada pelos fabricantes de diferentes produtos. É uma classe que tem grandes aspirações de consumo. O aumento da renda disponível deve elevar a venda de proteína animal (carnes, lácteos e ovos), pois este seria o primeiro item que os consumidores de classes baixas buscam quando há aumento da renda disponível. O aumento da renda vai continuar como o principal driver de crescimento do Brasil.

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