Produção gaúcha de arroz é uma incógnita
Ministério da Agricultura garante que não há risco de desabastecimento.
Apesar de dois levantamentos oficiais divulgados ontem estimarem quebra em torno de 8% para a safra gaúcha de arroz, é cedo demais para uma previsão segura. A própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), responsável por um dos acompanhamentos, admite que os seus dados devem estar defasados, e as perdas nas lavouras podem ser superiores ao percentual publicado.
O risco de desabastecimento é descartado pelo governo federal, mas a quebra deverá se refletir no bolso do brasileiro. O alerta de que o consumidor poderá pagar mais pelo produto no supermercado foi feito pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, em entrevista ao Canal Rural.
Nos dias que estivemos no Estado, entre os dias 15 e 23 de dezembro, estava chovendo e não tivemos condições para fazer uma avaliação precisa. A quebra pode ser maior. Teremos uma avaliação melhor no próximo estudo diz o técnico de avaliação de safras da Conab, Eledon Oliveira.
O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) projeta perda de até 13% em relação as 8 milhões de toneladas colhidas ano passado, caindo para 7 milhões de toneladas. O assessor de mercado do órgão, Marco Aurélio Tavares, lembra que a estimativa não é baseada em levantamento a campo e sim no histórico de perdas de 10% a 15% em safras anteriores com o fenômeno El Niño. Tavares explica ser necessário esperar a resposta das lavouras e o comportamento do clima.
Ciloter Iribarrem, da Safras e Cifras, também considera prematuro arriscar um número. Mas avalia que as perdas serão superiores às calculadas por Conab e Instituto Brasileiro de Geografia e Esatítica (IBGE), que projeta queda de 8,1%.
A estimativa de 1 milhão de toneladas do Irga, acrescenta Tavares, equivale ao consumo de um mês no Brasil e, em valores atuais, significa perda de R$ 600 milhões.
O efeito no bolso do consumidor
– Há controvérsia sobre o efeito no preço do produto nos supermercados. Mas o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, alertou ontem que o consumidor pode pagar mais
– Conforme o Irga, em situações semelhantes em anos anteriores, o preço no varejo variou bem menos em relação ao pago ao produtor, devido à capacidade do setor de comprimir as suas margens nesses momentos, a não ser que o valor pago ao produtor supere os R$ 32 a saca.
– Mesmo com a safra gaúcha reduzida, a diferença pode ser suprida pela produção do Mercosul ou, em último caso, de terceiros mercados
– O Irga alega ainda que o governo conta com 970 mil toneladas de estoques de passagem