Arrozeiro faz protesto de alerta
Em busca de apoio do governo e da sociedade, produtores organizam mobilização em Cachoeira do Sul (RS).
Em 30 anos como produtor de arroz, Ademar Kochemborger, 45 anos, nunca esteve tão desapontado com os prejuízos com a lavoura. No ano passado, o arrozeiro se orgulhava de ter suas máquinas compradas sem dívidas.
Hoje, calcula um prejuízo de R$ 2 milhões. Débitos que ainda não sabe como vai pagar.
Na propriedade, em Porteira Sete, no interior de Cachoeira do Sul, as lavouras chegaram a ficar 23 dias submersas. Dos 700 hectares plantados restaram apenas cem.
– Nós fizemos tudo o que foi possível para salvar a lavoura, mas não teve como – lamenta.
Na última safra, assim como muitos produtores, já sabendo que teria que enfrentar as consequências do El Niño, junto com a mulher e os filhos ele decidiu iniciar o plantio mais cedo, em outubro. Não adiantou. Quando a enchente chegou em novembro o arroz ficou submerso por mais de uma semana e não resistiu.
Ainda assim, a família não desistiu, plantou tudo outra vez. A cada nuvem que surgia no céu, os Kochemborger imploravam para que não fosse anúncio de mais chuva. A saga da família foi repetida quatro vezes. A última tentativa foi em janeiro. Parte desse plantio sobreviveu à enchente, mas a qualidade do grão está abaixo do esperado.
A história de Kochemborger é uma entre os milhares de produtores de arroz que tiveram as lavouras castigadas pela chuva. Em todo o Estado, cerca de mil produtores perderam a produção, explica o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), Renato Rocha.
Para chamar a atenção do governo, manifestantes se reuniram na manhã deste sábado, às margens da rodovia Cachoeira do Sul-Novo Cabrais (BR-153), em Cachoeira do Sul. Os arrozeiros querem um auxílio do governo para recuperar parte das perdas. Por volta das 8h, os manifestantes já lotavam as margens da rodovia, com faixas e panfletos.
– Queremos que o governo perceba que os arrozeiros não têm mais a quem recorrer. Os prejuízos são muito grandes – afirmou Rocha.
Apesar de o tempo seco estar favorecendo a colheita, o Instituto Rio Grandense do Arroz estima uma queda na safra de aproximadamente 1 milhão de toneladas em relação a 2008, quando a colheita chegou a 8 milhões de toneladas. O prejuízo deve chegar a R$ 600 milhões, e as perdas são maiores na Depressão Central e a Fronteira Oeste.
Por que a manifestação |
– Os arrozeiros protestam em razão dos prejuízos desta safra, devido ao excesso de chuva. |
Qual é o prejuízo no Estado? |
– O Irga estima uma perda de 1 milhão de toneladas, totalizando R$ 600 milhões. As regiões com mais perdas até o momento são Depressão Central e Fronteira Oeste. |
O que eles querem? |
– Os produtores querem auxílio de R$ 250 milhões. Desses, R$ 175 milhões de crédito emergencial e R$ 75 milhões para rebate de custeio, da safra passada, investimentos e reconstrução da infraestrutura das propriedades. |
AS PREVISÕES |
– Estimativas para a safra de arroz 2009/2010 (milhões de toneladas) e comparativo com o ciclo anterior: |
– Da Conab: 6,85 (-13,3%) |
– Da Emater: 7,12 (- 9,97%) |
EM QUEDA |
– O preço médio da saca de 50 quilos de arroz no Estado: |
– Semana de 19 de janeiro: |
R$ 31,21 |
– Semana de 19 de fevereiro: |
R$ 31,34 |
– Semana de 19 de março: |
R$ 26,82 |
2 Comentários
é uma vergonha esse preço de arroz
qndo vai subir o preço do arroz assim não tem condição