Comissão ouvirá empresas que apoiam ambientalistas e o agronegócio
Na audiência desta terça-feira, arrozeiros e silvicultores afirmaram que a legislação ambiental é rigorosa com os produtores..
A comissão especial que analisa as 11 propostas que alteram ou revogam o Código Florestal e a Lei de Crimes Ambientais aprovou, nesta terça-feira, requerimento para ouvir em audiência empresas que patrocinam ambientalistas e, em contrapartida, instituições ligadas ao agronegócio.
Atendendo a requerimento do relator do colegiado, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), serão ouvidos representantes do Banco Bradesco, da Wolkswagen, da Coca-Cola, da Colgate-Palmolive e da American Express. Essas empresas são as financiadoras da organização não governamental SOS Mata Atlântica. Na semana passada, a ONG lançou a campanha ‘Exterminadores do Futuro’ para carimbar com esse apelido os defensores das mudanças na legislação ambiental.
Por sua vez, o deputado Ivan Valente (Psol-SP) conseguiu aprovar requerimento para que sejam ouvidos representantes das empresas Aracruz Celulose, Bunge Alimentos S/A, Klabin S/A, Sadia S/A, Companhia Siderúrgica Nacional, Camei Mineração e Metalurgia S/A e Votorantim Celulose e Papel, que, segundo ele, “financiaram as campanhas eleitorais de integrantes da Comissão do Código Florestal”.
Rizicultores gaúchos
Na audiência pública desta terça-feira, os integrantes da comissão ouviram o presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul, Renato Caiaffo da Rocha que reclamou das condições dos produtores no estado.
O produtor criticou as exigências da legislação ambiental, que, segundo o ele, significam custos extras com a manutenção de áreas preservadas sem possibilidade de produção. Ele defendeu que o governo assuma custos por meio da diminuição da carga tributária. “Porque em primeiro lugar vem a sobrevivência na atividade. Depois vêm as outras questões…"
Caiaffo afirmou ainda que os produtores “não querem depredar o meio ambiente” e sugeriu que “os setores que poluem realmente deveriam ser multados”. Segundo ele, o arroz é plantado no estado com padrões técnicos mais avançados do que os da China e da Coreia.
Segundo Caiaffo, os arrozeiros gaúchos estão se endividando por não terem garantido renda para a atividade. Ele disse que a importação de arroz do Mercosul tem provocado achatamento de preço do produto nacional, que tem maiores custos de produção. Segundo ele a carga tributária do Brasil é de 36%, enquanto, no Uruguai, o Imposto de Valor Agregado é de 12% e, na Argentina, de 21%.
Leis rigorosas
Já o representante da Associação Mineira de Silvicultores, Dársio Calais, afirmou que tantos ambientalistas como produtores rurais têm um objetivo comum, que é o do desenvolvimento sustentável. O setor trabalha com madeiras de reflorestamento.
Dársio Calais disse que a legislação florestal é muito rigorosa contra o setor produtivo, embora considere o setor urbano “mais poluidor” que o rural. Nós não queremos ser vândalos, destruidores gratuitos da natureza. Mas temos que reconhecer que a vida demanda energia, demanda produção de alimentos”, argumenta.
“É claro que você não pode comparar uma floresta plantada, com a floresta natural. Há uma alteração do ambiente. Nós precisamos de madeira. A madeira do futuro virá naturalmente da floresta plantada. Quer dizer, o que se quer afinal? Nós precisamos de madeira, desde a cama para nascer, até a urna funerária para nos enterrar", disse.
Dársio Calais disse ainda que há exageros de ecologistas e produtores rurais, condenou o desmatamento ilegal da Amazônia e assegurou ser favorável à utilização da madeira dentro do sistema manejável e legal.