Problema de gestão

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Menezes: manejo faz toda a diferença

Atraso no plantio devido ao El Niño compromete produtividade da lavoura.

Não foi por falta de aviso. O último El Niño ocorreu no período de 2006/2007 e para a atual safra os modelos de previsão climática indicavam que o episódio seria ainda mais intenso, semelhante ao que aconteceu em 2002/2003, quando foram registradas chuvas acima da média no Rio Grande do Sul. Nestes casos, o preparo antecipado do solo, conforme recomenda a pesquisa, ainda é a melhor estratégia para reduzir as perdas em produtividade. Mas essa recomendação nem sempre é levada ao pé da letra. 

Nesta safra o excesso de chuvas na primavera provocado pelo El Niño acabou atrasando o plantio e prejudicando as lavouras pelos constantes alagamentos, principalmente nas áreas mais baixas e situadas próximo às margens dos rios. Para piorar, a continuidade das precipitações causou redução de luminosidade, diminuindo o potencial de produção e aumentando a incidência de doenças e pragas nas lavouras irrigadas tanto no RS quanto em Santa Catarina. 

Os problemas, no entanto, não param por aí. A continuidade do fenômeno durante o outono deverá contribuir para aumentar o risco de excesso de chuvas durante a fase de colheita.
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Conforme o meteorologista da Somar Meteorologia, Paulo Etchichury, as estatísticas mostram que em anos de El Niño diminui o potencial de produção das lavouras de arroz. “Aí faz a diferença quem tem a informação e principalmente capacidade de tomar decisão para se adequar às condições climáticas e reduzir os riscos de produção”, destaca. 

Na análise do diretor-técnico do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Valmir Menezes, uma vez confirmada a presença do El Niño na safra 2009/2010, o que ocorreu foi um problema de gestão: “Alguns produtores não seguiram as recomendações, ou seja, não prepararam o solo antecipadamente. Felizmente, segundo ele, 65% das lavouras no RS foram semeadas na época correta”, observa. 

É no restante das lavouras, semeadas fora da época recomendada, onde estão as maiores perdas. “Os danos causados pelo El Niño são diferenciados. Cada lavoura registra um quadro particular. As perdas foram mais elevadas na depressão central, onde as precipitações deixaram as lavouras submersas. Em outras, como a região da campanha, as lavouras não foram afetadas de forma tão severa”, avalia. 

O percentual de perdas só poderá ser realmente confirmado ao final da colheita. Para obter melhor produtividade nas áreas remanescentes, o Irga recomenda aos produtores que procurem a assistência técnica para um manejo adequado, principalmente na irrigação, monitoramento e controle de pragas e doenças. 

MONITORAMENTO

Para quem perdeu muito, agora o momento é de cuidar do que sobrou para garantir alguma renda. Para Menezes, é fundamental que os produtores intensifiquem o monitoramento das lavouras e dos problemas causados pela chuva, consultem os técnicos do Irga e busquem assistência técnica. “Nesta fase da cultura o excesso de chuvas e as temperaturas altas favorecem a proliferação de insetos e a incidência de doenças, o que torna necessário o controle com herbicida”, recomenda. 

O engenheiro agrônomo da Estação Experimental do Arroz do Irga, Daniel Grohs, chama a atenção para os cuidados com o manejo das doenças, principalmente em semeaduras tardias. 

O risco está principalmente nas áreas cultivadas após 15 de novembro de 2009, quando se encerrou o período ideal de semeadura.
Segundo dados levantados pelo Irga, um terço das plantações (o que corresponde a mais de 300 mil hectares) está nesse contexto. As altas temperaturas também são associadas ao período reprodutivo, que junto com alta nebulosidade tendem a aumentar o surgimento das doenças. 

O percentual de perdas só poderá ser realmente confirmado ao final da colheita. Para obter melhor produtividade nas áreas remanescentes, o Irga recomenda aos produtores que procurem a assistência técnica para um manejo adequado, principalmente na irrigação, monitoramento e controle de pragas e doenças.

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