Um espetáculo

 Um espetáculo

Otimismo marca início da colheita de arroz em Santa Catarina
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A orizicultura catarinense enfrentou na safra 2008/2009 uma situação muito semelhante a que os produtores de arroz do Rio Grande do Sul vêm experimentando na atual safra. As chuvas registradas no estado naquele período foram acima da média e as perdas nas lavouras, embora localizadas, sobretudo na região de Itajaí e Blumenau, foram expressivas. 

O estrago só não foi maior devido ao excelente desempenho das lavouras localizadas nas regiões que não foram afetadas. No final das contas, a produção do estado no período 2008/2009 fechou em 1.039.700 toneladas, de acordo com dados levantados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

Para a safra 2009/2010, que já começou a ser colhida em janeiro, a estimativa da Conab é que o volume produzido possa chegar a 1.077.800 toneladas, um incremento de 3,7% em relação ao período anterior. A área plantada permanece em 149,7 mil hectares e a produtividade média registra um acréscimo de 3,6% em relação ao período anterior, ficando em 7.200 quilos por hectare. 

Mesmo sem apresentar um incremento significativo em relação à última safra, o cenário agora é completamente diferente daquele registrado em 2008/2009, de acordo com o gerente de negócios da Cooperativa Agropecuária de Tubarão (Copagro), Aclis Fortunato. “O clima está favorecendo a cultura. A estiagem e a chuva vieram na época certa”, avalia o dirigente. As perspectivas também são muito boas na análise do presidente da Cooperativa Agropecuária de Jacinto Machado (Cooperja), Vanir Zanatta: “A safra foi bem plantada, tudo na época certa, teve água suficiente e o resultado disso é que as lavouras estão muito bonitas”, explica. “Estão um espetáculo”, acrescenta o coordenador de marketing da Cooperativa Regional Agropecuária Sul Catarinense (Coopersulca), Luiz Fernando Bendo. 

Para o presidente do Sindicato da Indústria do Arroz de Santa Catarina (Sindarroz-SC), Jaime Frantz, a atual safra apresenta outra particularidade: “Todo ano a colheita começa em janeiro e os primeiros produtores que cortam geralmente obtêm um rendimento abaixo da média estadual. Este ano a produtividade está alta desde o começo. Tem agricultor colhendo acima de 150 sacas (de 50 quilos) por hectare. Outros estão colhendo 220 sacas por hectare”, observa. Ainda de acordo com Frantz, há casos de produtores que perderam tudo nas cheias da última safra e agora conseguiram aumentar em 10% seus índices de produtividade. “Acreditamos que vai ter arroz para todo mundo”, comemora. 

Apesar do otimismo, Zanatta chama a atenção para alguns cuidados especiais com a lavoura nesta fase da colheita: “O problema verificado agora é a incidência de insetos nas lavouras, sobretudo percevejos. Também estamos preocupados com a brusone. A Cooperja, em parceria com a Epagri, está mobilizando 20 técnicos para prestar assistência aos produtores. Uma das recomendações é investir na aplicação de fungicidas”, informa.

MERCADO AQUECIDO

Embora as perdas nas lavouras gaúchas ainda não tenham sido contabilizadas, os preços reagiram, elevando a expectativa de valorização do produto. O presidente da Cooperja reconhece que as notícias sobre as perdas no RS – estimadas inicialmente em torno de 10% e 15% – ajudaram a aquecer o mercado doméstico. “Em Santa Catarina o ano de 2009 encerrou com o preço da saca a R$ 27,00. Em janeiro o preço saltou para R$ 30,00, chegando a R$ 32,00 em algumas regiões do estado”, observa Vanir Zanatta. 

Para o presidente do Sindarroz-SC, quem conseguiu plantar a um custo menor, a venda do produto a preços acima de R$ 25,00 já remunera. “Se os preços se mantiverem firmes no RS, o mesmo deverá ocorrer aqui em SC. Por outro lado, as exportações estão paradas por causa dos preços, que ainda não estão remunerando”, argumenta Jaime Frantz. 

Com o mercado interno aquecido e os preços mais remuneradores, Vanir Zanatta também acha difícil manter as exportações nos mesmos volumes registrados em 2009, quando a Cooperja comercializou cerca de 20% da sua produção no mercado exterior. “Este ano as exportações ainda não começaram. Então ainda é cedo para qualquer prognóstico. Mas acredito que a previsão da Conab de o Brasil embarcar em torno de 500 mil toneladas em 2010 deva se confirmar”, estima.

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