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Defeitos: nova legislação altera os conceitos de qualidade do arroz

Setor produtivo pede novo prazo para entrada da Instrução Normativa 06/09.

A Câmara Setorial Nacional do Arroz e Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz) encaminharam ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) um novo pedido de adiamento para a entrada em vigor da nova classificação do arroz em razão dos problemas causados pelo El Niño e de outras adversidades climáticas ocorridas durante a safra 2009/2010. 

A Instrução Normativa 06/09, que prevê novas regras para a classificação do arroz, entrará em vigor em 1º de março de 2010. Inicialmente as mudanças seriam implementadas em 17 de junho de 2009, mas a pedido dos orizicultores gaúchos o Mapa determinou o adiamento para março de 2010 (valendo, até a data, a Portaria 269). 

A nova solicitação da cadeia produtiva foi acompanhada de um relatório detalhado sobre as perdas do setor arrozeiro do RS e o provável impacto na qualidade (redução), em razão dos efeitos climáticos, que determinaram também um atraso generalizado na implementação da lavoura, deverá causar desuniformidade na maturação, ocasionando grãos verdes e gessados e aumento de grãos chochos. Com base neste relatório o setor pede que a resolução entre em vigor somente a partir da safra 2010/2011. 

A posição do Mapa, comunicada no dia 11 de fevereiro, em manter a data de vigor da normativa para 10 de março de 2010, não agradou as lideranças do setor e ajudou a agravar a situação de desamparo vivida pelos produtores gaúchos que sofreram perdas irreversíveis em suas lavouras, sobretudo nas regiões do Vale do Caí e depressão central do Rio Grande do Sul. 

De acordo com o presidente da Câmara Setorial Nacional do Arroz, Francisco Schardong, a Instrução Normativa 06/09 já era bastante penalizadora. “Se esgotaram todos os argumentos técnicos junto ao Mapa e ao Departamento de Inspeção de Produtos Vegetais (Dipov). Procuramos o diálogo e não fomos ouvidos. O RS está sendo penalizado. Nenhum de nossos pleitos está sendo atendido. Isso vai fazer com que o setor produtivo sofra com uma queda de preço”, lamentou. 

O presidente da Federarroz, Renato Rocha, acredita que a situação ainda pode ser resolvida no campo político e deverá ser um dos itens mais polêmicos a ser debatido na reunião da Câmara Setorial Nacional do Arroz durante a 20ª Abertura da Colheita do Arroz, em Camaquã. “A quebra na safra do RS reduziu não apenas a produção e a produtividade, mas também a qualidadedo produto. Entrar com novos parâmetros de classificação em um ano de grande prejuízo para os produtores é como tirar sangue de quem já não tem mais. 

Rocha também criticou a demora do Governo Federal no repasse de recursos aos agricultores que tiveram perdas totais em suas lavouras, como é o caso dos produtores do Vale do Caí e da depressão central. “As indenizações recém começaram a chegar, mas o dinheiro está sendo amortizado no custeio”, informou o presidente da Federarroz, Renato Rocha. (Leia na íntegra o texto do relatório enviado ao Mapa)

PERDAS QUANTITATIVAS E QUALITATIVAS NA LAVOURA DE ARROZ

Esse relatório tem por finalidade discorrer sobre as perdas quantitativas e qualitativas ocorridas no setor arrozeiro do estado do Rio Grande do Sul a partir de setembro de 2009 em função do fenômeno El Niño e outras adversidades do tempo.
No Rio Grande do Sul destaca-se que ocorreram 14 eventos climáticos adversos no período, tais como granizos, ciclones, vendavais e inundações que atingiram mais de 240 mil hectares, ou 25% da área plantada.
Para a cultura do arroz, além das perdas quantitativas, estimadas em torno de um milhão de toneladas em razão dos fatores climáticos adversos, projeta-se também perdas na qualidade do grão a ser colhido.

CLIMA

O provável impacto na qualidade (redução) em razão dos efeitos climáticos, que determinaram também um atraso generalizado na implementação da lavoura, deverá causar desuniformidade na maturação, ocasionando grãos verdes e gessados e aumento de grãos chochos, na maior incidência de insetos e pragas e consequentemente de doenças fúngicas, que irão proporcionar maior número de grãos manchados e picados. 

E como os prognósticos indicam a permanência do efeito El Niño até junho de 2010, também o possível aumento de grãos amarelos na lavoura e no transporte. 

De modo geral, as variáveis meteorológicas apresentam certa relação com a incidência de doenças. Precipitação pluvial, temperatura média do ar e disponibilidade de luz são os principais fatores que favorecem a ocorrência de doenças.

Desta forma, no cenário prognosticado para os próximos meses (quentes e chuvosos) há uma tendência de aumento do risco de ocorrência principalmente da brusone (Pyricularia oryzae) e das manchas foliares, com destaque para a mancha-parda (Bipolaris oryzae). 

Esta situação foi potencializada, considerando que na primeira semana de janeiro de 2010 ocorreu no RS um forte evento climático, causando graves prejuízos nas zonas rural e urbana em aproximadamente 80 municípios localizados na depressão central, vales do Taquari e Rio Pardo, entre outros.
 
Levantamentos preliminares realizados nessas regiões indicaram em torno de 37.824 propriedades rurais, representando 65% do conjunto das propriedades que foram afetadas, sendo que 74 mil hectares de lavouras de arroz foram inundados, com perda total de 25 mil hectares, ou o correspondente a 15% da região atingida.

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