Safra soma prejuízo de R$ 102,6 milhões em Cachoeira do Sul (RS)

 Safra soma prejuízo de R$ 102,6 milhões em Cachoeira do Sul (RS)

Renato Rocha palestra em Cachoeira do Sul

Estimativa é de que 380 empregos deixaram de ser gerados ou foram perdidos com as chuvas no município. Presidente da Federarroz palestrou para empresários de Cachoeira do Sul nesta quarta-feira.

A lavoura de arroz de Cachoeira do Sul foi a mais castigada pelo fenômeno El Niño no Rio Grande do Sul nesta última safra e, junto com os prejuízos crescentes da comercialização, o impacto financeiro já soma R$ 102.596.846,00. As perdas até o momento se equivalem ao orçamento anual da Prefeitura, mas podem aumentar em razão da crise entre produtores e indústria. Além da perda nas finanças, cerca de 380 empregos diretos deixaram de ser gerados ou foram perdidos em razão das perdas na lavoura.

Os números foram calculados pela União Central de Rizicultores (UCR) e tornados públicos ontem, durante a palestra do presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros (Federarroz), Renato Rocha, no Cacisc ao Meio-dia. O prejuízo de quase R$ 102,6 milhões foi estimado a partir de parâmetros do rendimento da safra 2008/09. Na palestra de ontem, Renato Rocha lamentou que a única conquista dos arrozeiros após 15 viagens a Brasília desde dezembro foi “uma miséria de recursos para AGF”, mecanismo de sustentação de preço com cotação mínima de R$ 25,80, sendo que o custo médio de produção da saca de arroz no Rio Grande do Sul ficou em R$ 31,00.

INDÚSTRIA – Sem respostas para a sustentação de preços do arroz ao produtor, Renato Rocha comprou briga com a indústria arrozeira ao levantar dúvidas sobre quem está ficando com o lucro da lavoura. A polêmica está centrada nas planilhas de classificação do cereal, critérios que derrubam a qualidade e o preço. Ao afirmar que existem indústrias que ganham capital de giro com arroz depositado por produtores e questionar tabelas de classificação estabelecidas pelas indústrias, Renato Rocha irritou o empresário Alfredo Treichel, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado.

Após a palestra, Treichel disse ao Jornal do Povo que Renato Rocha está mal informado. “Ele fala que a indústria estaria exigindo muito, quando na verdade não estamos exigindo tudo o que está determinado em lei. Afirmar que a indústria ganha capital de giro com depósitos de arroz é uma infantilidade. Ele está acusando as indústrias de cometer o crime de se apropriar indevidamente do produto”, reage Treichel.

PARA SABER MAIS

Os problemas dos arrozeiros

> Os produtores de arroz não têm garantia de renda
> No momento de vender a produção os produtores não conseguem impor o preço para a comercialização
> A concentração de empresas fornecedoras de insumos, das indústrias e varejo, provoca o desequilibro das margens de lucro da cadeia produtiva
> O arroz a depósito nas indústrias gera capital de giro
> Falta incentivo para a armazenagem
> Existem recursos, mas falta acesso ao crédito
> A carga tributária chega a 33,8%

UMA PERGUNTA

Como a UCR identificou o prejuízo de R$ 102,6 milhões e a perda de 380 empregos?

O prejuízo financeiro foi calculado com base nas perdas em decorrência da enchente e na comercialização, que somaram R$ 92,3 milhões. O rendimento financeiro da safra 2008/09 foi de R$ 174,1 milhões, contra os projetados R$ 81,8 milhões desta última safra. Outros R$ 10,3 milhões foram computados com despesas para reconstrução de estrutura das propriedades. Para os empregos a equação é simples, pois estudos apontam que a cada 27,8 hectares de lavoura cultivada existe um emprego direto. Com a perda total em 10.580 hectares, o mercado de trabalho teria perdido os 380 postos.

ATENÇÃO

A Federarroz espera para a próxima semana uma nova reunião para discutir com representantes da indústria e dos supermercadistas a baixa cotação do arroz aos produtores. “Se a indústria alega que está perdendo e os produtores também, alguém está ganhando”, argumenta Renato Rocha, que apoia a criação de uma CPI na Assembleia Legislativa do Estado para investigar os problemas que atingem os produtores, em especial a desvalorização do cereal para o setor produtivo.

Importante

O empresário Alfredo Treichel lamentou não ter tido a oportunidade de questionar Renato Rocha durante ou logo no final da palestra de ontem. “Ele deveria estar melhor informado para não faltar com a verdade em público. As tabelas de classificação foram definidas pelo Ministério da Agricultura, que segue orientações inclusive da Câmara Setorial do Arroz, que tem como presidente um gaúcho, o Francisco Schardong”, argumenta Treichel.

FRASE

“As indústrias de arroz da região de Pelotas estão usando uma tabela de classificação orelhana, sem marca e sem sinal. São critérios que derrubam os preços, mas ninguém reconhece a autoria”.
Pinto Kochenborger, presidente da UCR

O preço do arroz este ano

Mês                          Média

Janeiro                   R$ 33,04
Fevereiro                R$ 29,30
Março                      R$ 27,41
Abril                         R$ 27,17
Maio                        R$ 27,55
Junho                     R$ 26,44

Fonte: UCR

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