Feijão com arroz: pesquisa destaca valor nutricional

Segundo a médica e endocrinologista, Soraya Hissa de Carvalho, arroz e feijão são fontes ricas de carboidratos, proteínas, sais minerais, vitaminas e fibras.

O projeto “Feijão com Arroz” desenvolvido sob coordenação da professora Sandra Vasconcelos tenta resgatar a já tradicional (e curiosamente esquecida) mistura mais famosa de cereal e um grão que batizam o projeto. Criado em 2008, pelo Laboratório de Nutrição em Cardiologia, da Faculdade de Nutrição/Nutricardio/Fanut da Universidade Federal de Alagoas, o projeto de promoção à saúde possui como público-alvo: hipertensos e diabéticos cadastrados no Hiperdia do município de Maceió.

Esse grupo foi estudado em pesquisa para o SUS em curso (PPSUS/CNPq/FAPEAL). Eles são pacientes do ambulatório de Ensino de Nutrição, onde atuam estagiários em nutrição clínica, residentes multidisciplinar, residentes de nutrição, estudantes de graduação da Fanut..

Segundo a médica e endocrinologista, Soraya Hissa de Carvalho, arroz e feijão são fontes ricas de carboidratos, proteínas, sais minerais, vitaminas e fibras. “O que falta em um, o outro fornece e, assim, se completam. Unidos, oferecem uma excelente combinação protéica. Um prato de arroz e feijão tem quase a mesma quantidade de proteínas encontradas na carne. O que as pessoas não sabem é que quando não consumimos essa dupla nosso organismo fica mais propenso a desenvolver uma série de doenças”, afirma a médica. Basta uma concha de feijão para meia escumadeira de arroz para que os resultados sejam sentidos.

De acordo com Soraya, o arroz é pobre no aminoácido lisina, que é encontrado em abundância no feijão. Já o aminoácido metionina é pobre no feijão, mas tem de sobra no arroz. Além disso, a dupla também equilibra o índice glicêmico. “Enquanto o arroz sozinho, principalmente o polido, pode disparar as taxas de açúcar e insulina na circulação, o feijão tem o poder de conter esse efeito, o que mantém a glicose estabilizada. A mistura é, portanto, bem-vinda para manter a glicemia em níveis adequados e diminuir o risco do diabete”, explica a especialista.

“Nossa intenção é trabalhar com a comunidade de maneira mais eficaz. Fazemos oficinas, demonstramos a pirâmide alimentar (aquela divida em quatro níveis que indicam a importância dos alimentos) e realizamos experimentações”, diz Priscila Vieira, integrante da pesquisa no Laboratório de Técnica Dietética da Faculdade de Nutrição. Na pesquisa, há um acompanhamento nutricional e de coleta de dados. Na prática, tanto é um resgate dos conhecimentos adquiridos da população no tratamento e reaproveitamento alimentício, quanto uma instrução combinada com doses de academicismo, “não há como narrar exaustivamente os benefícios, é preciso educá-los para isso”, completa ela.

As faces de uma divulgação

O foco continua sendo o “feijão com arroz”, mas isto não impede costurar outras instruções no preparo da comida. Eles também são orientados que alguns alimentos são melhor reaproveitados cru. Indagada sobre como “tratar” as verduras para uma salada, Niedja Crisitna graduanda em Nutrição, explica que alguns nutrientes são hidrossolúveis. Quando cortamos e recortamos um tomate, por exemplo, estamos aumentando a superfície de contato e proporcionalmente reduzindo o valor nutricional do tomate em questão. Não se espante, “as perdas acontecem, apenas buscamos formas de reduzi-las”, conclui.

Como se não bastasse, um grande desafio é o hábito. Mudá-lo é realmente uma tarefa tortuosa – imagine destruir (ou para ser singelo, reorganizar) a forma como um indivíduo comeu em um período de trinta anos? Para tanto, alertar a população fez-se necessário. Ajustar é o termo apropriado.

Para atingir todas as camadas populacionais, tem realizado programas quinzenais na Rádio Educativa FM (107,7 Mhz) com objetivo de promover atividades de educação nutricional. Em um dos programas, o assunto abordado fora o uso de antioxidantes (que são substâncias que combatem radicais livres) para a prevenção do envelhecimento precoce, por exemplo. “O grande trunfo é desvincular a idéia que boa alimentação custa caro. É para isso que estamos criando formas alternativas e diversificadas de comprovar e trazer à ciência do bem alimentar-se à população”, finalizam as estudiosas.

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