A volta por cima

 A volta por cima

Lorga (detalhe): potencial para voltar a ser o segundo produtor de arroz

MT aposta em tecnologias para retomar produção
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O Mato Grosso, que já foi o segundo maior produtor de arroz do Brasil, mas perdeu esta posição para Santa Catarina, prepara uma volta por cima para a safra 2008/2009. A retomada da produção é prevista pelas lideranças setoriais, que vêem o cenário propício à retomada da lavoura tropical. Preços altos nos dois últimos anos, queda nas cotações da soja, muitas áreas e crédito disponíveis para renovação de pastagem, além de novas variedades e tecnologias para cultivo de arroz em áreas velhas, são alguns dos principais motivadores deste otimismo. A conjugação desses fatores faz o setor apostar em recuperação das áreas e ganhos de produtividade. 

A colheita de 681,2 mil toneladas de arroz de terras altas, 7,3% menor que a safra anterior, levou à ociosidade superior a 50% em muitas das indústrias do estado. Algumas unidades fecharam e/ou mudaram para o sul do país, onde há maior estabilidade de produção. As que permaneceram, no entanto, são muito sólidas e atendem o mercado estadual, mas com potencial para ganhar espaço no Centro-oeste e Nordeste, principalmente. “Toda essa crise fez a indústria do Mato Grosso amadu-recer”, cita o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias da Alimentação do Mato Grosso (Siamt), Marco Lorga. 

Ele prefere não arriscar uma previsão, mas crê que devido ao otimismo verificado entre os produtores no 2º Seminário do Arroz, realizado em julho, a área plantada será superior aos 240 mil hectares da safra 2007/2008. E pela tecnologia disponibilizada por empresas privadas e pela Embrapa Arroz e Feijão a produtividade tende a ser maior que os 2.850 quilos por hectare identificados de média pela Conab este ano. “Há novas variedades e uma importante base tecnológica para o manejo em áreas velhas”, frisa. Estima-se que as pastagens degradadas no Mato Grosso somem pelo menos cinco milhões de hectares. O aproveitamento de 5% destas áreas, anualmente, para renovação de pastagens com uso da cultura do arroz, já dobraria a área plantada em 2007/2008. 

Os produtores e a indústria estão confiantes que a tecnologia de reforma de áreas degradadas de pastagem é ideal para a cultura do arroz. E para isso não precisa derrubar uma só árvore, já que há muita área de pasto nessas condições. Para Lorga é importante que o Mato Grosso tenha a consciência de que voltará a ampliar sua produção, mas sem extrapolar sua capacidade. “O equilíbrio de mercado é saudável para a cadeia produtiva”, frisa. Na última safra o Mato Grosso conseguiu melhorar a qualidade do grão colhido, com algumas variedades alcançando produtividade de até cinco mil quilos e média superior a 55% de grãos inteiros. Isso, para o Mato Grosso, representa um caminho importante. O plantio em áreas velhas pode reconduzir o arroz ao sistema de produção do estado, mas numa forma muito mais profissional e qualificada.

 

Estabilidade

É consenso entre produtores, pesquisadores e industriais que o Mato Grosso tem que produzir arroz de qualidade, estabilizar sua produção de forma a atender a demanda da indústria local e gradativamente, com uma estratégia adequada, ganhar o mercado do entorno. Para a tecnologia aplicada no Centro-oeste uma remuneração entre R$ 25,00 e R$ 30,00 por saca dá lucro. Atualmente, porém, os preços não baixam de R$ 35,00/R$ 36,00 a saca nas regiões de Sinop e Sorriso.
Em Cuiabá, a saca de arroz primavera, com mais de 55% de inteiros, já chegou a R$ 44,00 em algumas negociações. O corretor Jorge Fagundes, da Fagundes Cereais, também acredita no aumento de área para a safra. “Mais na região do Alto Xingu”, afirma. Ele acredita que a incógnita sobre o tamanho da lavoura plantada no Mato Grosso está diretamente associada à proibição para a abertura de novas áreas. “Mas com estas novas variedades e tecnologias, além do bom preço atualmente praticado e a demanda da indústria, há uma tendência de que se plante mais arroz no MT”, afirma.

FIQUE DE OLHO 
Marco Lorga, do Siamt, acredita que o Governo brasileiro deveria criar mecanismos mais eficientes de incentivo à conquista de novos mercados internacionais para o arroz. “A exportação é vital para este equilíbrio nos preços internos. O arroz tem que parar de ser tratado como regulador de preço da cesta básica e virar uma commodity agrícola”, acrescenta. 

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