Mudança de hábito
Campanha quer resgatar o consumo de arroz na preferência dos brasileiros .
A sustentabilidade da pro-dução e da industrialização do arroz no Rio Grande do Sul passa pela ampliação de mercado. No entanto, como bem observou o médico cardiologista e escritor Fernando Lucchese (Planeta Arroz, edição 26, maio de 2008), o cereal vem per-dendo a preferência dos brasileiros na medida em que cresce o consumo de alimentos industrializados.
O Irga, através do programa Arroz RS, busca contribuir para uma campanha nacional de incentivo ao consumo de arroz, incluindo sua inserção na merenda escolar nas redes estadual e municipal. A iniciativa, de acordo com o presidente do instituto, Maurício Fischer, visa montar um comitê gestor com a participação de toda a cadeia produtiva, incluindo entidades como Farsul e Federarroz, para definir uma estratégia de atuação nacional. “Será um programa único e integrado, mostrando a qualidade do arroz na merenda escolar e para a sociedade em geral”, destaca Fischer.
Para isso o Irga vem concentrando esforços para levar ao consumidor informações corretas sobre o arroz, com base nas qualidades nutricionais do cereal e nos benefícios que o seu consumo pode oferecer à saúde. Neste sentido, a realização de palestras de profissionais, como a nutricionista Ana Laura Guimarães e os médicos Fernando Lucchese e Carlos Adílio do Nascimento, será meio importante de comunicação com a comunidade.
Questão Básica
Contra a desinformação
O coordenador do Programa de Incentivo ao Consumo de Arroz e Derivados do Irga, Tiago Sarmento Barata, explica que a campanha também pretende atingir os formadores de opinião através de palestras direcionadas aos alunos dos cursos de Nutrição, Medicina, Engenharia de Alimentos, Educação Física e Gastronomia no Rio Grande do Sul. Ainda em 2008 o instituto pretende realizar palestras em oito cursos de formação superior (seis de Nutrição e dois de Gastronomia), atingindo 510 alunos. “É inadmissível que um profissional entre no mercado de trabalho recomendando evitar o consumo do arroz por puro preconceito, demonstrando total desinformação sobre os benefícios que o cereal oferece à saúde”, observa.
O stick de arroz, da rede McDonald’s, é composto por um empanado de arroz e vegetais, em formato de palito, servido com molho agridoce
Consumo em queda
Mesmo desatualizados, os dados levantados pela Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do IBGE, entre 2002 e 2003, já apontavam para uma redução de 23% no consumo de arroz (e 30% no caso do feijão) na comparação com a mesma pesquisa realizada em 1974/1975. De acordo com Lucchese, autor do best-seller “A dieta mediterrânea: com sabor brasileiro” (L&PM), esta mudança no hábito alimentar da população, sobretudo nos grandes centros urbanos, pode ser atribuída a uma série de fatores: o ritmo da vida moderna, o apelo comercial dos industrializados, o mito de que o arroz engorda e até o marketing ruim do produto.
Para Tiago Sarmento Barata, um aspecto relevante relacionado à redução no consumo é a desinfor-mação do público em geral em relação às qualidades nutricionais e funcionais do cereal. Segundo ele, mudar o estilo de vida da população, buscando restaurar os hábitos alimentares das gerações passadas e conseqüentemente devolver ao arroz um espaço na mesa dos consumidores, não é uma tarefa fácil. “Neste sentido, parece ser mais lógico incentivar que as indústrias se adaptem às novas exigências do consumidor moderno oferecendo produtos de preparo mais prático e acessível às classes mais carentes da população, como é o exemplo do miojo”, argumenta.
São esses aspectos de ordem “cultural” que, conforme o presidente do Irga, Maurício Fischer, precisam ser “atacados” pelas campanhas de incentivo ao consumo. “Temos que disponibilizar o arroz de outras formas, como já acontece na Europa e nos EUA. O McDonald’s, por exemplo, lançou um produto à base de arroz. Ou seja: a rede fast-food, que era um concorrente, já está usando arroz em seu cardápio”, avalia o presidente do Irga.
Em evidência
O China Menu, desenvolvido no Brasil pelo McDonald’s, inovou ao trazer pela primeira vez ingredientes e condimentos típicos da culinária chinesa para os restaurantes da rede do país. O cardápio especial, inspirado nos Jogos Olímpicos de 2008, era composto pelo Beijing Burger, stick de arroz, sobremesa imperial e Fanta Mundo China.
O sanduíche de hambúrguer de carne bovina era acompanhado de molho oriental, chop suey (mistura de legumes e cogumelo preparados com molho shoyo) e alface em um pão com sementes de gergelim claro e escuro. O stick de arroz era composto por um empanado de arroz e vegetais, em formato de palito, servido com molho agridoce. “Esta foi a maneira encontrada pelo McDonald’s para surpreender seus consumidores com produtos totalmente inovadores, pois, pelo menos aqui no Brasil, nunca havíamos utilizado tais ingredientes e condimentos”, explicou o gerente de marketing da companhia no Brasil, Alexandre Max.
O McDonald’s foi, pela sétima edição consecutiva, o restaurante oficial da competição. O cardápio permaneceu nos restaurantes da rede até o final dos Jogos Olímpicos, em agosto.