Não às pragas, sim ao meio ambiente

 Não às pragas, sim ao meio ambiente

Martins: MIP exige conhecimento

Aumento do uso de insumos preocupa os especialistas
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No Rio Grande do Sul, apesar da conquista de inovações tecnológicas para a cultura do arroz irrigado por inundação e das recomendações institucionais para uso de sistemas de produção sustentáveis, preconizando maior rentabilidade, qualidade dos grãos e segurança ambiental, ainda predomina a busca do aumento de rendimento sem quase nenhuma preocupação com a conservação do ecossistema onde o cereal é cultivado. A avaliação é do entomologista José Francisco da Silva Martins, da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (RS). 

Historicamente, ele destaca que as principais discussões técnicas em torno da cultura do arroz no estado concentram-se em certos tópicos, como manejo do solo e sistemas de cultivo, sementes, desenvolvimento e manejo de cultivares, fertilização, manejo da água e controle de plantas daninhas. “Com exceção dessas últimas, abordagens sobre outras pragas, como doenças e insetos, são escassas”, acrescenta o pesquisador. 

No caso das patogenias, pelo menos há consideração de que são problemas permanentemente potenciais, podendo, de acordo com práticas adotadas na lavoura e condições ambientais favoráveis, apresentarem-se na forma epidêmica, provocando perdas de mais de 70%. O potencial de dano entomológico é inferior (oscila em torno de 15%), porém enquadra-se em um patamar de significativa relevância econômica. 

Segundo José Francisco, duas considerações importantes podem ser feitas a respeito da importância desses pequenos animais para a cultura do arroz no Rio Grande do Sul: “A questão não tem sido devidamente dimensionada no âmbito de alguns programas de pesquisa e transferência de tecnologia, provocando reflexos na visão dos produtores de como tratar o assunto na lavoura, ao mesmo tempo em que insetos secundários estão ganhando a condição de pragas primárias, ou seja, que aparecem em grande quantidade e podem provocar maiores perdas”, frisa. 

A solução para esses problemas, na opinião do pesquisador, está no Manejo Integrado de Pragas (MIP), uma estratégia que contempla a interação de várias práticas culturais (preparo do solo, época de semeadura, fertilização, cultivares, arranjo de plantas…) e de táticas fitossanitárias (controles químico racional e biológico, variedades resistentes, uso de feromônios…) em benefício da cultura-alvo. “Isso não implica em eliminar das lavouras um determinado organismo capaz de atingir a condição de praga, como patógenos, insetos, plantas daninhas, pássaros e ratos, mas manter sua população ou nível de incidência em equilíbrio”, explica José Francisco. 

Ele lamenta que o MIP – com muito a contribuir quanto ao aumento de rentabilidade, qualidade do produto (no que tange a resíduos de agrotóxicos) e segurança ambiental – tem sido pouquíssimo praticado e até mesmo desconsiderado no Rio Grande do Sul.

Fique de olho
– A prática do Manejo Integrado de Pragas exige o maior grau de conhecimento possível sobre bioecologia das espécies potencialmente pragas, ou seja, suas relações com fatores ambientais bióticos (biodiversidade) e abióticos (água, solo, clima).
– No âmbito da agricultura, praga pode ser definida como todo organismo (animal ou vegetal) que, por meio dos danos diretos ou indiretos causados às plantas de uma determinada espécie cultivada comercialmente, é capaz de provocar perdas de caráter econômico.

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