Uso inadequado de agrotóxicos aumenta os riscos
Produtor não é obrigado a usar produtos químicos.
A necessidade do uso de agrotóxicos para o controle de plantas daninhas, segundo o entomologista José Francisco da Silva Martins, não é obrigatória, conforme uma idéia geral disseminada no ambiente produtivo do arroz. Práticas inadequadas têm ocasionado o surgimento de tolerância e resistência desses vegetais indesejados aos herbicidas. “No caso das doenças e dos insetos, considera-se que deva ser feita uma melhor reflexão sobre o emprego de produtos químicos no contexto do manejo da cultura”, assinala o pesquisador da Embrapa Clima Temperado.
Nos últimos anos, ele revela que a quantidade de fungicidas e inseticidas aplicada aumentou sensivelmente, principalmente em tratamento das sementes. Com relação às doenças, mesmo sementes de elevada condição sanitária, destinadas ao cultivo em áreas livres de fitopatógenos, têm sido tratadas. “Além disso, há discussões sobre o tratamento de sementes com o objetivo de evitar a incidência de doenças que não deveriam ser controladas por essa via, como, por exemplo, a cárie-do-arroz”, acrescenta. O medo de nova manifestação da enfermidade, que ainda não teve suas conseqüências suficientemente medidas nas safras anteriores, levou os produtores gaúchos a aplicarem muito fungicida nas lavouras na atual safra, talvez sem necessidade.
INSETOS – Para os insetos há uma justificativa no incremento da área cultivada com sementes tratadas com inseticidas, principalmente quando se considera o agravamento da problemática de pragas-de-solo, destacadamente o pulgão-da-raiz, na região da fronteira-oeste. Mesmo nessa situação, José Francisco alerta que estão sendo utilizadas misturas de produtos sem maior conhecimento sobre a eficiência de cada um e das doses aplicadas. No contexto do controle químico curativo, prossegue ele, o ponto mais crítico consiste da aplicação de inseticidas em épocas impróprias, antes ou depois da recomendada pela pesquisa.
Questão básica
Um dos principais fatores responsáveis pela aplicação inadequada de fungicidas e inseticidas nos arrozais gaúchos é a falta de maior entrosamento sobre o assunto entre as áreas de pesquisa, assistência técnica e extensão, comercialização de agrotóxicos e produtores. Atualmente, basta a notícia de ocorrência de uma nova praga, numa determinada região orizícola, em safra anterior ou atual, para que os lavoureiros já providenciem a colocação de químicos em suas plantações.