Minhoca vermelha preocupa lavoura gaúcha

Controle é feito com produtos sem registro
.

A região arrozeira do Rio Grande do Sul ganhou uma preocupação a mais nas últimas safras: a minhoquinha vermelha, do gênero chironomus, está apresentando grande crescimento populacional e pode estar causando prejuízos à fase inicial da cultura. Os especialistas utilizam o termo “pode” pela inexistência de um estudo conclusivo sobre o impacto de um ataque da praga de solo ao sistema radicular das plantas. Os poucos estudos já realizados apresentam resultados conflitantes. 

O entomologista do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Jaime Vargas, vê indícios importantes de que a minhoquinha causa danos ao arroz em seu estádio inicial. “Se a planta tiver 10 raízes e a minhoca raspar cinco, o sistema radicular será afetado com impacto na absorção de nutrientes”, explica. No final do ciclo, porém, este dano seria insignificante. “A planta estará bem estabelecida e seria muito difícil causar um dano que compense o investimento em controle químico”, explica. 

Vargas lembra ainda que não existem produtos registrados no Ministério da Agricultura para combater a praga. Na última safra, notou-se que plantas possivel-mente afetadas por ação da mi-nhoca recuperaram-se rapidamente nas lavouras que utilizaram volumes adequados de adubação nitrogenada.

Questão básica
A minhoquinha vermelha pode ser identificada com o arranquio de plantas de arroz da lavoura. Normalmente aparece enrolada entre as raízes. O primeiro registro dela aconteceu em Cerro Branco (RS), em 1982. Em alguns casos, podem ser encontradas de 10 a 12 minhoquinhas enroladas nas raízes de uma só planta. O aumento da população de chironomus ocorre, provavelmente, por um desequilíbrio ambiental, como o desaparecimento de predadores naturais.

 

Genoma do fungo causador da brusone é seqüenciado

A lavoura brasileira de arroz teve uma boa notícia no final da safra 2004/2005: pesquisadores revelaram o código genético do mais devastador fungo que ataca o arroz. Esse trabalho é o primeiro seqüenciamento completo de um patógeno de plantas. O fungo, chamado Magnaporthe grisea, causa a brusone, que a cada ano destrói volume de arroz suficiente para alimentar 60 milhões de pessoas no mundo todo, segundo uma estimativa “conservadora” do patolo-gista Ralph Dean, da Universidade da Carolina do Norte (EUA). 

Ele dirigiu 35 cientistas de 11 instituições de pesquisas dos Estados Unidos, Reino Unido, Coréia e França, no mapeamento do código genético do fungo. A descoberta foi revelada em artigo publicado na revista científica Nature, em abril de 2005. O trabalho levou sete anos para ser concluído. Ralph Dean revelou esperar que essa codificação, combinada ao seqüen-ciamento do DNA do próprio arroz, estabelecido em 2002, possa facilitar o desenvolvimento de variedades transgênicas capazes de resistir à doença, que ataca o arroz em países quentes e úmidos, sobretudo. A brusone é a doença mais importante do arroz no Brasil. Ocorre em todo o país, mas apresenta-se mais agressiva no Centro-oeste.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter