Dias difíceis para a INDÚSTRIA

 Dias difíceis para a INDÚSTRIA

Treichel: menos indústrias e mais tecnologia

Menos empresas, mais eficiência é a nova ordem.

Se não forem tomadas medidas pelo Governo Federal no sentido de reverter a atual situação do arroz no país, as indústrias de beneficiamento enfrentarão graves problemas num curto espaço de tempo. A previsão é de Alfredo Treichel, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado (Abiap), que considera maiores os riscos de fechamento para empresas instaladas no sul do país.

Segundo ele, apesar dos baixos preços pagos pelo arroz aos agricultores, o setor não atravessa um momento tão tranqüilo. Com o aumento no rendimento das lavouras, a produção está sendo maior do que a demanda de consumo. “Cada ligação feita para um comprador representa uma redução no valor que receberemos na hora da venda”, explica o industrial, reclamando das importações que continuam sendo feitas do Uruguai e da Argentina.

Nas regiões norte e nordeste do Brasil, o dono do Engenho Treichel acrescenta que também são descarregadas cargas de arroz vindas de terceiros países. O pior, no entanto, é mesmo a descapitalização do setor primário. “Se os agricultores vão mal, a indústria tende a seguir pelo mesmo caminho, assim como o restante da economia”, frisa ele, esperando dias melhores para o segundo semestre do ano. “Não há como dissociar indústria do produtor. Um depende do outro”, frisa.

 

Indústrias vão se modernizar

Durante a crise do arroz, a indústria brasileira precisará repensar seu planejamento e adotar ações estratégicas para sustentar-se no mercado. Muitas, no entanto, devem desaparecer, na opinião do presidente da Abiap, Alfredo Treichel. O assistente de marketing da Sanmak, Jean Carlo Tomelin Gonçalves, discorda. Ele acredita que pode haver um pequeno aumento no número de indústrias de beneficiamento no país. O maior mercado para fabricantes de máquinas de beneficiamento, no entanto, está na renovação dos parques fabris já existentes.

Gonçalves também prevê um aumento de aproximadamente 14% neste ano no consumo nacional de arroz parboilizado. “A demanda será atendida pelas indústrias que já usam esse processo, pois o investimento inicial nos equipamentos é muito elevado”, assinala, respaldado, desta vez, pelo dirigente da Abiap.

Alfredo Treichel usa como referência sua própria empresa, o Engenho Treichel, em Cachoeira do Sul (RS). Ele já aproveita a crescente procura pelo parboilizado e terceiriza o processamento para outras empresas da depressão central gaúcha. “Se tivéssemos condição, poderíamos dobrar nossa produção própria”, informa Treichel. Para ele, os equipamentos de parboilização não devem sofrer grande incremento de tecnologia no curto prazo, apenas alguns ajustes.

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