O clima é aliado

 O clima é aliado

A Embrapa Clima Temperado, de Pelotas, no Rio Grande do Sul, publicará uma pesquisa inovadora sobre o método de graus dias. Segundo o agrometeorologista Sílvio Steinmetz, as informações permitem estimar a data de diferenciação da panícula de grupos de cultivares de arroz irrigado, auxiliando o produtor a programar a adubação nitrogenada de cobertura e definir a melhor época de semeadura. Os estudos identificaram a soma térmica em 16 regiões produtoras de arroz do Rio Grande do Sul. 

Para prever a soma térmica, a Embrapa utilizou dados diários de temperatura média do ar. Foram sistematizadas séries de dados do Instituto Nacional de Meteorologia e a Fepagro. O trabalho determinou a soma térmica necessária para a emergência das plântulas até a diferenciação da panícula, usando como base a diferença entre a temperatura média e a temperatura base do arroz, que é de 11 graus centígrados. 

O estudo da Embrapa mostra que a diferenciação da panícula acontece a partir da soma de 536 graus dias para as cultivares de ciclo precoce e 638 graus dias para cultivares de ciclo médio. Os resultados do estudo são dispostos na forma de tabelas para cada uma da 16 localidades, onde são estabelecidas as datas médias, mínimas e máximas de ocorrência da diferenciação da panícula, assumindo-se variações de três em três dias na data de emergência, dentro do período de semeadura recomendado pelo Zoneamento Agroclimático.

Publicação da Embrapa

A pesquisa sobre graus dias apresenta seis mapas, representando três épocas de emergência (10 de outubro, 10 de novembro e 10 de dezembro) e dois comprimentos de ciclo, ou seja, precoce (106 a 120 dias) e médio (121 a 135 dias). Esses mapas espacializam para todo o estado, através de técnicas de geopro-cessamento, as informações obtidas nas 16 localidades.

 

Nem seco, nem molhado

Previsões para safra 2004/2005 são favoráveis ao arroz

Nem El Niño, nem La Niña. O clima que deverá prevalecer para a safra de arroz 2004/2005 no Rio Grande do Sul não terá influência de fenômenos mais importantes, por isso será um ano “normal”. Portanto, a tendência é de que a próxima safra seja muito parecida com a última, certo? Errado. O meteorologista Paulo Etchichury, da Somar Meteorologia, afirma que não há previsão de grandes anomalias climáticas para a safra e que devem prevalecer as condições médias de cada região, ou seja, não estão descartadas características regionais como estiagens na fronteira, na campanha e nas Missões. A diferença do clima da próxima safra para 2003/2004 é que ele está mais dentro do seu ciclo. No ano passado, houve um “atraso” médio de dois meses tanto no ciclo das chuvas, que chegaram em novembro e dezembro, quanto das baixas temperaturas, que se prolongaram até o final do ano. A estiagem foi registrada em fevereiro e março. 

Neste ano, segundo Etchichury, as chuvas tendem a ocorrem em setembro e outubro, com um efeito positivo e outro negativo. Se por um lado isso representará a recuperação de parte das barragens (o que pode não ocorrer de acordo com características regionais), também poderá atrapalhar o plantio da lavoura na época mais adequada para quem não fez preparo antecipado. As estiagens tendem a chegar mais cedo, possivelmente em dezembro e janeiro. As temperaturas médias devem se elevar na segunda quinzena de setembro, sem prolongamento do frio, o que facilitará a germinação no cedo. Etchichury afirma que, de um modo geral, as condições climáticas são favoráveis à próxima safra no Rio Grande do Sul, lembrando que os impactos de eventuais variações climáticas nas lavouras estão relacionados com as condições de manejo de cada uma.

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