A nova coleção da estação

 A nova coleção da estação

Irga investe na busca da produtividade.

Num prazo não superior a três safras, o Instituto Riograndense do Arroz deverá disponibilizar uma gama de novas cultivares capazes de atender uma significativa demanda da lavoura arrozeira gaúcha. O Programa de Melhoramento de Cultivares, desenvolvido na Estação Experimental do Arroz do instituto em Cachoeirinha, tem realizado importantes progressos para reforçar o cast de variedades atualmente disponível para os arrozeiros do Sul. Pelo menos quatro cultivares devem ser lançadas nas próximas três safras. Entre elas destacam-se uma variedade híbrida, uma com alta produtividade (e qualidade de grão similar ao atual Irga 417), uma cultivar especialmente desenvolvida para sistema de cultivo pré-germinado e uma com especial tolerância ao frio.

Ainda estão sendo gestadas novas cultivares para o sistema Clearfield, de alta produtividade e híbridas. "Acreditamos que um primeiro passo será dado nesse período de três a quatro safras. Depois disso, ao natural, estarão sendo apresentadas outras cultivares", explica o gerente da Divisão de Pesquisas do Irga, Maurício Fischer. Uma das preocupações do instituto é o atendimento de uma demanda que deve surgir por conta do domínio de técnicas de manejo de alta produtividade preconizadas pelo Projeto 10/RS.

Principalmente nas regiões da fronteira-oeste e campanha, tem sido verificado um salto de produtividade, com lavoura alcançando até 12 mil quilos por hectare. Este número fica muito próximo do potencial produtivo de algumas variedades plantadas no Rio Grande do Sul. Enquanto os produtores gaúchos levaram mais de 30 anos para tirar produtividades superiores a 10,5 mil quilos por hectare das cultivares BR Irga 409 e 410, bastaram três anos para alcançar até 11 mil quilos por hectare de cultivares como a Irga 417. O potencial produtivo dessas cultivares é estimado entre 13 mil quilos por hectare e 15 mil quilos por hectare sob condições especialíssimas de manejo. Muitas vezes, nem mesmo em canteiros experimentais esse potencial é expressado. 

Uma das cultivares que passou a ser buscada a partir dos bons resultados de um manejo mais eficiente no Rio Grande do Sul, tem boas caracterÌsticas de grão, produtividade e tolerância a doenças. Seu diferencial será um ciclo mais longo, que terá interferência no potencial produtivo. O ciclo mais curto de algumas cultivares hoje disponíveis "atropela" algumas fases do manejo. Como o início do plantio foi antecipado no Rio Grande do Sul para o final de setembro, passou a ser possível adotar cultivares de ciclo mais longo em algumas regiões, sob o uso do manejo preconizado no Projeto 10, sem grandes riscos climáticos. Consciente dessa demanda, a equipe de melhoramento do Irga já trabalha selecionando linhagens que poderão, dentro de alguns anos, dar origem a uma nova cultivar ou mais.

Um dos projetos em desenvolvimento pelo instituto é a busca de cultivares tolerantes à toxidez por ferro, mineral muito presente em algumas faixas de terra nas várzeas gaúchas. "Esse trabalho integra todo o programa de melhoramento, pois há interesse de que todas as cultivares indicadas para o Rio Grande do Sul sejam tolerantes ou, ao menos, medianamente tolerantes à toxidez por ferro", explicou Maurício Fischer. Os trabalhos são conduzidos no Campo Experimental do Irga em Torres, litoral norte gaúcho. Esse tipo de trabalho, segundo Fischer, é tão natural quanto os testes de produtividade, qualidade industrial, cocção, resistência a doenças e qualidade agronômica das cultivares. "Para que uma linhagem chegue a ser cultivar, precisa ser aprovada em todas essas variantes", resume.

 

O híbrido está a caminho

A expectativa inicial é de que na safra 2005/2006 o Irga já tenha o primeiro material híbrido para colocar em lavouras comerciais, mesmo que a título de multiplicação de sementes e para produtores inseridos em programas especiais. Esta foi a primeira safra depois que o instituto assinou convênio com a Fazenda Ana Paula e o Instituto de Pesquisas da Província de Honan, na China.

Os primeiros resultados, segundo o gerente da Divisão de Pesquisas do Irga, Maurício Fischer, têm sido satisfatórios, com os experimentos expressando o vigor híbrido (heterose) com produtividade variável entre 10% e 15% a mais do que as testemunhas convencionais. As sementes de algumas linhagens que se destacaram na pesquisa estão sendo multiplicadas em uma geração de inverno no estado de Alagoas, para que no próximo ano sejam desenvolvidos experimentos em áreas maiores e, provavelmente, iniciada a multiplicação de sementes.

O arroz híbrido que Irga, Fazenda Ana Paula e o instituto chinês deverão colocar no mercado futuramente, fará parte de um programa especial. Para ter acesso, uma das exigências é a de que o produtor domine o manejo do Projeto 10/RS. "Para o híbrido expressar todo o seu potencial produtivo é necessário o manejo adequado, pois a característica diferencial de produtividade pode se perder por incorreção dos tratos culturais", explica Maurício Fischer. Esse programa deverá seguir o padrão da Ásia, onde a tecnologia do híbrido tem apresentado os melhores resultados. Será dirigido à pequena propriedade, onde o agricultor usa boa tecnologia e tem o domínio total de sua área. Além disso, o híbrido poderá reativar projetos interessantes como o transplante de mudas em pequenas propriedades, cujos equipamentos estão sendo subutilizados na depressão central.

Na China existem materiais híbridos apresentando potencial produtivo de até 20 toneladas por hectare. "O Irga deu início a esse projeto com o objetivo de obter o conhecimento dessa tecnologia e disponibilizar novas cultivares com potencial produtivo interessante aos arrozeiros", frisa o gerente de pesquisas. Quatro linhas de híbridos longo-fino, com características similares às cultivares do Irga e potencial de produtividade de 10% a 15% maior do que as convencionais, estão sendo testadas. Uma variedade sai em pelo menos dois anos.

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