O susto da chuva

 O susto da chuva

Temporais de novembro e dezembro provocaram quebra de 20 mil hectares da lavoura de arroz.

Os temporais registrados no Rio Grande do Sul nos meses de novembro e dezembro deixaram um saldo de perdas nas lavouras de arroz que ultrapassou os 20 mil hectares, segundo dados do Irga. As enchentes ocorridas principalmente na fronteira oeste e na depressão central atingiram 56.307 hectares e provocaram perda total do cultivo em 23.655 hectares. Destes, 3.335 hectares foram replantados.

Segundo o presidente do Irga, Pery Coelho, o maior problema foi registrado na fronteira oeste, onde as perdas representaram 17 mil hectares, cujo replantio foi inviabilizado. "A semeadura na região encerra em novembro e as perdas foram registradas definitivamente no final de dezembro", explicou. Contabilizando a quebra, a lavoura orizícola gaúcha ficou em 1,031 milhão de hectares, ainda assim 5,84% maior que na safra passada.

Se for confirmada a produtividade projetada pelo Irga de 5.750 quilos por hectare, o total produzido no estado deve chegar a 5,8 milhões de toneladas, um aumento de 23% em relação à última colheita, quando foi verificada grande quebra também por fatores climáticos. Além das chuvas, baixas temperaturas à noite e falta de luminosidade atingiram o Rio Grande do Sul em dezembro, prejudicando o desenvolvimento da lavoura e gerando clima propício ao desenvolvimento de pragas como a bicheira-da-raiz. 

 

Clearfield

 Produtores de arroz das imediações de Washington, nos Estados Unidos, descobriram que a variedade de arroz Clearfield 167 resistente aos herbicidas usados contra o arroz vermelho. Até o momento, sabia-se que o produto resistia exclusivamente a uma marca de herbicidas vinculada à semente, integrantes de um mesmo programa.

 

Arroz dourado

Os pesquisadores do Instituto Internacional do Arroz (Irri), nas Filipinas, em colaboração com japoneses, introduziram um gene que aumenta a presença de ferro e pró-vitamina A no endosperma do arroz da espécie índica, o qual, depois de polido, teria em seus grãos até três vezes mais ferro. Esta cultivar poderia ter vantagens significativas para 3,5 bilhões de pessoas no mundo que têm dietas deficientes de ferro. Haveria uma aceitação pública maior, já que o seu desenvolvimento se dá com genes sem antibióticos.

 

Reservas

As reservas mundiais de arroz em 2003/2004 cairão mais uma vez, para 102 milhões de toneladas, no nível mais baixo desde 1987. Em 2002/2003, as reservas foram calculadas em 122 milhões de toneladas. Segundo a FAO, as tendências de consumo a longo prazo indicam que a demanda mundial deve crescer 40% nos próximos 25 anos.

 

Produção

A produção de arroz no mundo no ano de 2003 apresentou aumento em algumas regiões. A maior delas foi a Índia, com 18%, em função do clima e adoção de novas tecnologias. O aumento de produção, em patamares menores, também foi antecipado pela FAO para diversos outros países asiáticos, como Bangladesh, Irã, Mianmar, Paquistão, Filipinas, Sri Lanka, Tailândia e Vietnã. Nas Américas, também devem aumentar a produção de arroz o México, a Costa Rica, Colômbia, Brasil, Equador, Uruguai, Paraguai e Argentina.

 

Japão

O Ministério de Agricultura, Silvicultura e Indústrias Pesqueiras do Japão calcula que a colheita de arroz do país de 2003 ficará em 7,78 milhões de toneladas, a pior do pós-guerra. A causa da quebra na colheita japonesa se deve às baixas temperaturas e falta de luminosidade durante o verão. No entanto, o Governo japonês assegura que não haverá escassez, pois há um estoque de 850 mil toneladas de arroz no país.

 

Chupa-cabra reduz gastos

O chupa-cabra, trator desenvolvido para plantar arroz pré-germinado e aplicar insumos na lavoura, é o mais novo aliado dos produtores. A máquina é fabricada pelas empresas Moldemaq e Cattoni, ambas de Jaraguá do Sul, e Tramontini, de Venâncio Aires. Uma das principais vantagens do equipamento é o sistema de tração, com rodas estreitas de ferro que esmagam uma menor quantidade de plantas em relação aos pneus de tratores convencionais. O chupa-cabra pode reduzir custos por fazer o trabalho que normalmente é feito com aeronaves.

 

EUA

O representante comercial do Governo dos Estados Unidos, Ashley Wills, em sua recente visita a Nova Déli, na Índia, afirmou que seu país está absolutamente disposto a eliminar os subsídios agrícolas e reduzir a ajuda doméstica, se outros países com subsídios muito mais altos também moverem-se nesta direção. Ele fez um discurso incentivando que todos os países exportadores de produtos agrícolas, incluindo a Índia, abram seus mercados e reduzam os preços de sua produção, o que seria de interesse mundial.

 

China

O Governo chinês divulgou no final de 2003 a assinatura de um acordo de cooperação com o Instituto Internacional do Arroz (Irri) das Filipinas para o desenvolvimento conjunto de uma variedade híbrida de arroz. Trata-se de um superarroz híbrido de segunda geração, com alto potencial de rendimento. O acordo foi firmado depois que os cientistas apontaram evidências de que o trabalho pode ser realizado com grandes possibilidades de êxito.

 

Colômbia

O ano de 2003 foi marcado por um recorde em produção e tecnologia arrozeira na Colômbia. O país alcançou neste ano a maior área plantada e o maior nível de produtividade de toda sua história, segundo o gerente-geral da Federação Arrozeira da Colômbia (Fedearroz), Rafael Hernández Lozano, durante o XXIX Congresso Nacional Arrozeiro, em Bogotá. Segundo o dirigente, foram plantados 490 mil hectares de arroz mecanizado, que elevaram a produtividade do país a 5,8 toneladas de arroz verde por hectare, na média entre arroz irrigado e de sequeiro. Ao mesmo tempo, com estes resultados e outras medidas tecnológicas, os custos de produção na Colômbia foram reduzidos em 34% nos últimos anos. Trata-se do país com a melhor produtividade média na zona tropical. Para a próxima safra, seis novas cultivares de arroz serão comercializadas naquele país.

 

Sem sal

Com o objetivo de reduzir ao mínimo possível o impacto do aquecimento global e, consequentemente, o aumento do nível do mar nas colheitas, os cientistas da Fundação de Pesquisas M S Swaminathan, com base em Chennai, na Índia, isolaram um número significativo de genes de espécies marinhas. Eles estão utilizando quatro destes para desenvolver uma cultivar de arroz transgênico que poderá suportar salinidade. A qualidade de arroz está sendo avaliada atualmente e sua disponibilização comercial poderá levar de cinco a 10 anos, segundo os cientistas. A expectativa é de que em três anos sejam realizados os primeiros experimentos campo. A salinidade é um problema que atinge, no Brasil, os produtores da zona sul gaúcha, nas imediações da Lagoa dos Patos.

 

Arroz nuclear

Como parte da declaração da Organização das Nações Unidas para 2004 como o Ano Internacional do Arroz, a Agência Internacional de Energia Atômica, com base em Viena, na Áustria, está utilizando tecnologia nuclear para produzir variedades melhoradas de arroz. O objetivo principal do melhoramento destas cultivares por este método sofisticado é beneficiar os agricultores, principalmente de países pobres e/ou em desenvolvimento, ao redor do mundo. Tendo aprovado com êxito esta técnica no Vietnã, onde o delta do Rio Mekong está produzindo arroz de alta qualidade para exportação, a ONU agora tem por meta estender este trabalho a toda a Ásia, incluindo a China, e pode ampliar a ação para outros países, principalmente da África, América do Sul e América Central.

 

Híbridos

A empresa AgroNorte Pesquisas e Sementes Ltda, do Mato Grosso, disponibilizará para a safra 2004/2005 aos agricultores, sementes de variedades híbridas de arroz. Inicialmente, esta comercialização se dará em pequenas quantidades, com o objetivo de desenvolver o domínio de sua tecnologia. "Todo o processo de comercialização acontecerá quando a cadeia produtiva da cultura assimilar suas características e benefícios", afirma Angelo Maronezzi, diretor da AgroNorte. Segundo ele, a empresa acredita nas vantagens agronômicas do arroz híbrido e no seu potencial produtivo.

 

Um, dois, feijão-com-arroz

Um grupo de cientistas da Suíça estão tentando criar uma planta transgênica que mistura características do arroz com as do feijão. A intenção é criar um arroz rico em ferro, o nutriente mais importante do feijão. Os trabalhos, ainda em fase de testes, estão sendo conduzidos no Instituto para Pesquisas em Biomedicina, na cidade de Bellinzona. Os cientistas introduziram em plantas de arroz o gene do feijão responsável pela produção da proteína ferritina.

A planta transgênica de arroz com nutriente de feijão também possui genes do fungo Aspergillus fumigatus e deve produzir substâncias que facilitam a absorção intestinal do ferro contido no arroz. Se a mistura genética de arroz com feijão der certo, o produto pode resultar em um alimento adequado para prevenir a anemia, doença caracterizada pela falta de ferro no sangue. O grupo responsável pela pesquisa, liderado pela cientista Paola Lucca, publicou o primeiro estudo sobre seu trabalho em uma edição suplementar da revista cientÌfica Journal of the American College of Nutrition.

 

Nutrição

O arroz integral é um alimento poderoso. É muito mais nutritivo e valioso, pois dele retira-se apenas a casca externa durante o processamento, preservando o mesocarpo (pelÍcula de fibra que reveste o grão e o germe), mantendo assim suas qualidades nutritivas e seu alto teor de fibras e proteínas, diferenciando-o do arroz beneficiado. Contém baixo teor de gordura de excelente valor nutricional, além de ser rico em vitaminas, minerais, cálcio, fósforo, ferro, entre outros. O consumo regular de arroz integral contribui de modo decisivo para a melhoria da condição geral de saúde, beneficiando todo o sistema digestivo, circulatório e cardiovascular, desintoxicando o organismo, purificando o sangue e auxiliando no tratamento da prisão de ventre e inflamações cutâneas, além de aumentar a resistência imunológica e orgânica.

 

China

Baseado no que vem ocorrendo nas últimas safras, dentro de quatro anos a China terá que buscar complementação de sua demanda no mercado internacional, em algo próximo de 20 milhões de toneladas anuais. Para efeito de comparação, o Brasil produz aproximadamente 7,5 milhões de toneladas anuais (base beneficiado), ou seja, as importações da China corresponderão a aproximadamente três vezes a produção anual brasileira. Sem dúvida, o mercado mundial de arroz passará a operar em condições jamais vistas, praticamente dobrando o volume de mercadoria transacionada. A consequência natural será a elevação dos preços no mercado internacional, que encontram-se deprimidos desde meados dos anos 90.

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