Rio dos Sinos: afinal, o arroz é vilão ou mocinho?

O arroz pode passar de mocinho a vilão antes mesmo de ser servido à mesa, mas há esperanças de reverter a situação: um projeto desenvolvido por produtores em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) estimula a captação de água da chuva por meio de açudes.

Apesar de serem fontes de emprego e renda no campo, os arrozais são motivos de enxaquecas para os ambientalistas da região, pois o desvio da água do Rio dos Sinos para a irrigação virou uma prática comum. A degradação provocada pelas lavouras é tão grande que o Consórcio Público da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos) já colocou a cessação da ampliação das áreas cultivadas como uma das ações urgentes. O trecho mais prejudicado pela ação dos arrozeiros fica entre as cidades de Santo Antônio da Patrulha e Taquara. O arroz pode passar de mocinho a vilão antes mesmo de ser servido à mesa, mas há esperanças de reverter a situação: um projeto desenvolvido por produtores em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) estimula a captação de água da chuva por meio de açudes.

Irrigação consciente

Com o apoio do Programa Estadual de Irrigação do Estado (Pró-Irrigação), pelo menos 14 açudes serão construídos nas localidades de Campestre, Catanduva, Evaristo e Monjolo (foto), em Santo Antônio da Patrulha.
Os trabalhos são supervisionados pela Emater e os arrozeiros pagam 20% do custo da obra. "É uma vantagem grande para os produtores, que conseguem os açudes com baixos investimentos. A água pode ser coletada da chuva, de córregos ou de vertentes próximas às lavouras. Isso evita o bombeamento do Rio dos Sinos. Enviamos 34 projetos e 14 foram contemplados na primeira licitação", explica o engenheiro agrônomo Paulo Rojahn.

DICAS

O Instituto Riograndense de Arroz (irga) orienta os produtores sobre o uso racional da irrigação. De acordo com o engenheiro agrônomo e coordenador regional da Planície Costeira Externa, José Gallego Tronchoni, a captação de água do Sinos ainda não precisou ser paralisada. Entre as estratégias sugeridas estão o plantio de ciclo mais curto, que exigem entre 80 e 90 dias de irrigação e o manejo técnico das lavouras com suspensão da água 20 dias antes da colheita. Já a sistematização com solo nivelado é indicado por diminuir a aplicação de herbicidas e economia de até 30% de água para irrigar a plantação, enquanto a drenagem na parte mais baixa do terreno reduz a contaminação por pesticidas

Foco na educação ambiental

Como integrante do Pró-Sinos, Santo Antônio da Patrulha participa de ação de Monitoramento Integrado da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos e nas atividades permanentes de educação ambiental por meio dos Coletivos Educadores. Também é desenvolvido o Programa Municipal de Educação Ambiental Não-Formal (Peai) que tem a proposta de atender às comunidades do interior, levando oficinas que abordem temas como a preservação de mananciais hídricos.

Acordo

O Comitesinos firmou acordo com os arrozeiros em novembro, onde os produtores se comprometeram a suspender a captação de água quando o nível do rio estiver abaixo de 50 centímetros na área de captação do Semae de São Leopoldo, 60 centímetros na estação da Comusa, em Novo Hamburgo, e 70 centímetros em Campo Bom.

INTERIOR

Nas comunidades do interior de Santo Antônio da Patrulha, onde existe uma maior concentração populacional, também se dispõem de sistema de coleta seletiva de resíduos e a comunidade é orientada a tratar de forma correta o resíduo orgânico proveniente de atividades domésticas

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